No final do encontro, Yunnus explicou que o encontro serviu para falar “sobre a nossa experiência no Bangladesh. Expliquei as minhas ideias sobre empreendedorismo e que todos os seres humanos são empreendedores e falámos sobre como orientar os jovens para o empreendedorismo. Os jovens não podem ficar à espera dos empregos, porque eles não vão aparecer e depois os jovens vão fazer pressão sobre os governos para que sejam criados empregos públicos. Isso não faz sentido”.
Para Muhammad Yunnus se há fenómenos verdadeiramente globais eles são a pobreza e a desigualdade na distribuição de riqueza e rendimentos. “A pobreza, o desemprego, as ameaças ambientais, a concentração de rendimentos e de riqueza são iguais em todo o mundo. O Bangladesh não é diferente dos EUA e os EUA não são diferentes de Cabo Verde. É tudo uma questão de escala”, explicou o vencedor do prémio Nobel da Paz em 2006.
Para Muhammad Yunnus combater a pobreza num país como Cabo Verde é um processo menos complexo que em países de maior dimensão. “Nós temos um grande número de habitantes ao contrário de Cabo Verde e eu digo que ter uma população reduzida é uma bênção, porque se pode resolver um problema de cada vez. Nós temos milhões de pessoas no Bangladesh e fica dificil chegar a todos em todo o país. Aqui fica mais fácil porque se sabe onde cada pessoa está, em que condição vive, quantos filhos tem. É muito mais fácil aqui, é só seguir o caminho certo. Tem que se levar os serviços financeiros a quem está fora desse serviço, inclui-los nesse sistema criando uma instituição para os mais pobres”.
Antigo professor de Economia, Muhammad Yunus, que está por estes dias em Cabo Verde, recebeu o Nobel da Paz em 2006 pelos esforços para retirar populações da pobreza extrema, concedendo-lhes pequenos empréstimos.
Em 2016, as instituições de micro-finanças de natureza associativa em Cabo Verde serviam 11.703 clientes, com uma carteira de crédito de 600 milhões de escudos cabo-verdianos.