Alcides Graça está preocupado com a declaração do primeiro-ministro, ontem, no Parlamento, ao afirmar que o seu executivo não vai impor voos para São Vicente "por decreto", até porque "a percentagem de passageiros nacionais transportados na TAP é de 13%". Em declarações, à Rádio Morabeza, o líder regional do partido defende, caso o Governo entenda que a linha não é rentável, que o Estado subsidie as ligações.
“Eu penso que o Governo não pode sacudir o capote e a sua responsabilidade para o sector privado. O que motiva o sector privado é o lucro. Se São Vicente não é uma linha rentável, então o Estado que intervenha para subsidiar as ligações para São Vicente, tal como faz em relação as linhas marítimas. Porque a única companhia que vem tem preços proibitivos e não estimula. Nós não estamos apenas a falar do investimento externo. Estamos a falar dos nossos emigrantes, dos ‘rabidantes’, é um circuito de valores que pode morrer se esta questão não for resolvida. É isto que o Governo tem de entender”, diz.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, diz que a política de transportes do Governo actuará onde e quando for necessário. Alcides Graça afirma que os voos para a ilha do Monte Cara com preços competitivos são uma necessidade.
Prova disso, o descontentamento da população que sai à rua no dia 5 de Julho, mais uma vez com a questão das ligações aéreas na lista de reivindicações.
“Os sanvicentinos estão a reclamar. Vão sair à rua no dia 5 de Julho. Os sanvicentinos são levianos por reclamarem para termos preços competitivos, tal como existe nas outras ilhas? Isto é leviandade ou é uma necessidade?", questiona.
"Acho que é uma necessidade e não vale a pena acenar com investimentos na área do turismo porque nenhum investidor vai investir o seu dinheiro enquanto não for resolvida a questão das ligações aéreas com o exterior”, responde.
Quanto à manifestação, organizada pelo movimento Sokols, o líder regional do PACV diz que as razões são plausíveis.
“São Vicente, neste momento, tem um bloqueio aéreo. Com a privatização das linhas marítimas acabou por ver a deslocalização da centralidade marítima para a cidade da Praia. São Vicente tem uma taxa de desemprego na camada jovem muito elevada, nós não temos recebido investimento público para combater o desemprego. Portanto, há razões de sobra para essa manifestação”, entende.
As declarações de Alcides Graça foram proferidas à margem da conferência de imprensa convocada para dar conta do programa da Comissão Política Regional do partido, para assinalar o 5 de Julho, Dia da Independência Nacional.