Numa publicação no Facebook, José Maria Neves aponta a fragilização da regulação de sectores estratégicos como as telecomunicações e os transportes aéreos e marítimos, a nacionalização e a re-estatização da gestão de empresas anteriormente privatizadas, como a Caixa Económica e a CV Telecom, a “intransparência” na gestão de alguns negócios públicos, como a privatização do sector dos transportes aéreos e marítimos, como motivos de mais preocupações quanto ao futuro do arquipélago.
“BAD, BADEA, BEI, BIDC, Bancos Nacionais e Bancos Portugueses, etc, sempre disponibilizaram milhões de contos para financiar projectos públicos e privados”, exemplifica.
Para o antigo governante, a dimensão do mercado e o ambiente de negócios são os grandes constrangimentos, apontando problemas como excesso de burocracia, custos elevados e ineficiências dos transportes, da água e da electricidade, escassez de recursos humanos qualificados em áreas sensíveis para os negócios e taxas de juro incomportáveis.
“Diga-se em abono da verdade que estes são constrangimentos comuns aos pequenos estados insulares em desenvolvimento. Todos estão confrontados com reduzida capacidade de auto-financiamento e de endividamento, elevadas taxas de juro e dívida e déficits também elevados”, realça.
Neves defende que Cabo Verde precisa, mais do que nunca, de radicais e profundas reformas estruturais nos domínios do estado e da administração pública, da educação, ensino superior e formação profissional, dos transportes e infra-estruturas e de financiamento das micro, pequenas e médias empresas.
"Todos os recordes da dívida"
Em resposta, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, através de um post no seu perfil de Facebook, diz que não se está a mobilizar recursos e muito menos "avultados recursos internos", pela via de endividamento público, para dar garantias a grandes empréstimos privados.
“Passou ao lado! Não leu, não leu bem ou não entendeu os instrumentos que criámos de suporte ao sector privado. Não temos dinheiro para dar a ninguém. Com impacto ou sem impacto na divida pública. Não vale a pena especular sobre assuntos complexos, passando ao lado. Prejudica Cabo Verde”, lê-se.
Correia acusa José Maria Neves de ter duplicado o endividamento público durante a sua governação.
“Quem te viu, quem te vê! Em 2000, a divida pública era de 65% do PIB. Em 2016, a dívida já atingia 130% do PIB. Duplicou o endividamento público durante a sua governação. Bateu todos os máximos e todos os recordes. Deixou o país endividado até ao pescoço. Excessivamente endividado. E completamente estagnado em matéria de crescimento económico”, escreve.
Olavo Correia diz que o seu Governo está a cuidar do problema herdado, e que a divida pública situa-se hoje na ordem dos 124% do PIB. Também afirma que a economia está a crescer acima dos 5%.