Ulisses Correia e Silva, de 57 anos, lidera a única lista candidata nas eleições do MpD agendadas para 09 de Fevereiro, tendo por isso a recondução no cargo garantida.
“Estou disponível para liderar o MpD e o Governo até ao final da próxima legislatura [2021/2026]”, afirmou, em entrevista à Lusa a propósito das eleições de domingo.
Cabo Verde realiza este ano eleições autárquicas e em 2021 eleições legislativas (primeiro semestre) e presidenciais (segundo semestre). O MpD conquistou o poder em Cabo Verde nas eleições legislativas de 2016, depois de cerca de 15 anos de liderança do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
Questionado pela Lusa sobre a garantia aos militantes da recandidatura ao cargo de primeiro-ministro em 2021, Ulisses Correia e Silva foi peremptório: “Claro que sim, senão não estaria a recandidatar-me ao cargo de presidente do MpD”.
Antigo presidente da Câmara da Praia, secretário de Estado das Finanças e depois ministro das Finanças, Ulisses Correia e Silva lidera o Governo cabo-verdiano desde 2016 e é presidente do MpD desde Junho de 2013.
Sobre o actual mandato à frente do MpD (2017/2020), sublinhou como principais resultados a “retoma e a aceleração continuada do crescimento económico”, impulsionadas “pelo sector privado e pelas reformas económicas”, bem como na “redução do desemprego”.
“Uma opção clara por uma política de inclusão social orientada para a promoção da autonomia das famílias e dos cidadãos através do acesso ao emprego, ao rendimento e à produção em vez do assistencialismo, fortes investimentos no sector da segurança, o reforço da descentralização acompanhada de fortes investimentos na requalificação urbana e ambiental e acessibilidades”, enfatizou.
Para Ulisses Correia e Silva, há hoje em Cabo Verde “mais confiança dos cidadãos, das empresas e dos investidores”: “O que é importante para a boa dinâmica de crescimento económico do país”.
Nas duas primeiras eleições internas, Ulisses Correia e Silva também concorreu sozinho e conseguiu 98% dos votos em 2013 (substituindo Carlos Veiga) e 99% em 2017. A candidatura de Ulisses Correia e Silva já traçou o objectivo para este acto eleitoral de ter novamente a confiança dos cerca de 30 mil militantes e um "resultado muito forte e robusto".
Depois da eleição do presidente, o MpD vai realizar a sua XII convenção nacional, entre os dias 06 e 07 de Março, para eleger os órgãos do partido.
Meta autárquicas: 20 Câmaras Municipais
Na mesma entrevista à Lusa Ulisses Correia e Silva assumiu o objectivo de o partido vencer as duas próximas eleições em Cabo Verde e afirmou que seria “excelente” chegar, este ano, às 20 câmaras municipais.
Cabo Verde conta com 22 municípios e prevê realizar no segundo semestre deste ano as oitavas eleições autárquicas da sua história. Destas, 18 autarquias são controladas pelo MpD, duas pelo PAICV e duas por independentes.
“Será um muito bom resultado ganhar as eleições nos 18 municípios onde o MpD é poder autárquico e será excelente ganhar mais duas câmaras”, sublinhou Ulisses Correia e Silva.
Já sobre as eleições presidenciais de 2021, que vão encerrar este ciclo eleitoral, o líder do MpD afirma que a Comissão Política e a Direção Nacional do partido “ainda não se debruçaram” sobre o assunto, nomeadamente eventuais candidatos a apoiar. “Estamos focados nas autárquicas. Cada coisa no seu lugar e no seu momento próprio”, insistiu.
Questionado pela Lusa sobre o nome de Carlos Veiga, ex-primeiro-ministro pelo MpD e embaixador cessante de Cabo Verde nos Estados Unidos, que já admitiu reflectir este ano sobre uma candidatura presidencial, Ulisses Correia e Silva insiste que ainda não é tempo ainda para comentar.
“Não faço comentários e nem considerações sobre nomes de potenciais candidatos quando nem o doutor Carlos Veiga se pronunciou ainda. No momento próprio saberão a posição do MpD sobre as presidenciais”, afirmou.
Numa legislatura fortemente marcada pelas divergências com a oposição, liderada pelo PAICV – que foi poder de 2001 a 2016 -, o presidente do MpD e chefe do Governo prefere sublinhar os entendimentos alcançados.
“Não faço a avaliação da oposição. Os cabo-verdianos na altura própria farão. Nós temos um regime de parlamentarismo mitigado. O essencial do diálogo e das concertações faz-se ao nível do parlamento. Lembrar que já aprovamos leis que exigem maioria qualificada de dois terços, o que pressupõe os votos da oposição”, concluiu.