Coronavírus: Plano de contingência restringe eventos com elevado número de participantes

PorAndre Amaral,14 mar 2020 9:26

Primeiro-ministro disse esta terça-feira, na apresentação do Plano de Nacional Contingência sobre o Covid-19, que “eventos internacionais realizados em Cabo Verde que reúnam números elevados de participantes vindos de países assinalados com a epidemia devem ser cancelados”. Medida é válida até 30 de Junho. Primeiro-ministro apela ainda a uma maior responsabilidade na partilha de informações sobre o Covid-19. Director Nacional de Saúde apela à prevenção.

O governo apresentou ontem de manhã as medidas previstas para a concretização do Plano Nacional de Contingência para o coronavírus.

Segundo o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, a epidemia de coronavírus “é relevante não só para Cabo Verde como para o mundo inteiro como temos estado a acompanhar”.

Apesar de Cabo Verde ser, até agora, “um país livre de coronavírus, é preciso dizer que nenhum país está livre de ter casos suspeitos ou comprovados. A realidade que acompanhamos demonstra isto mesmo”. Por isso, considera o primeiro-ministro, “a melhor opção é estarmos preparados para qualquer eventualidade e é neste contexto que o plano nacional de contingência ao Covid-19 é apresentado”.

A medida tomada pelo governo de interditar os voos de e para Itália foi tomada “em tempo útil e oportuno e a decisão vai ser prorrogada até 30 de Abril, porque tínhamos definido um período de três semanas e vamos continuar a fazer a avaliação da situação em Itália. Em relação aos voos provenientes de outros países como França, Portugal e Espanha vai ser mantida a vigilância e a triagem apertada nos aeroportos. Estamos a falar de países de onde há um fluxo permanente de transportes directos para Cabo Verde”.

Já eventos internacionais agendados para se realizarem em Cabo Verde e que reúnam números elevados de participantes vindos de países assinalados com a epidemia “devem ser cancelados até 30 de Junho”, anunciou Ulisses Correia e Silva. Uma medida que “será sujeita a avaliação periódica da situação da epidemia”, reforçou o primeiro-ministro.

O Plano de Contingência foi validado numa reunião realizada após a apresentação e depois, na próxima quinta-feira, será aprovado em Conselho de Ministros “para ter força vinculativa” apesar de já estar em execução.

“Faço um apelo a todos os cidadãos no país e na diáspora. Porque aquilo que se assiste nas redes sociais são detonadores de pânico e de irresponsabilidade e aquilo para que nós alertamos é que perante coisas sérias, que implicam a vida de pessoas, que têm implicações na vida dos países devemos introduzir um ‘vírus’ muito mais positivo que é o da responsabilidade para que possamos evitar determinadas propagações que só criam pânico e não ajudam na resolução de nada e só pioram a situação”, concluiu o primeiro-ministro.

Pessoas saudáveis não devem usar máscaras

Em declarações aos jornalistas antes da apresentação do plano, o Director Nacional de Saúde frisou que “nenhum país pode evitar que o vírus entre. Esperemos que não entre em Cabo Verde, mas se entrar temos de estar preparados e vigilantes para fazermos uma detecção precoce e tomar as medidas para conter o caso e evitar o seu alastramento”.

Quanto à utilização de máscaras como medida preventiva, Artur Correia reforçou a declaração que o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, tinha feito durante a semana passada, dizendo que “em relação às máscaras, já o dissemos várias vezes e há mesmo indicações internacionais, elas devem ser reservadas para as pessoas que estão infectadas com o vírus para evitar que o transmitam a outras pessoas”. Aqueles equipamentos de protecção, reforçou Artur Correia, devem também estar reservados para os profissionais de saúde que eventualmente tenham de lidar diariamente com casos positivos. Para a população em geral não aconselhamos “a utilização de máscaras porque pode ser perigosa e pode ser até prejudicial para as pessoas que utilizam as máscaras”.

Quanto ao que está a ser feito para evitar que este tipo de equipamentos esgote no mercado nacional, Artur Correia explicou que há “um relacionamento muito estreito com a empresa estatal responsável pelo abastecimento do país de medicamentos, consumíveis de laboratório e equipamentos de protecção individual e estamos em acordo de que é preciso manter o stock no país e a informação que temos é que não há ruptura de stock, o que há é uma medida de gestão, de racionalizar a venda para evitar açambarcamentos”.

Plano já está em execução

Já no que respeita ao Plano Nacional de Contingência, Artur Correia explicou, durante a apresentação, que este mais não é do que o culminar de todo um conjunto de medidas que vêm sendo tomadas desde que a crise do coronavírus teve início.

O Director Nacional de Saúde anunciou que as medidas ali presentes já estão na posse dos profissionais de saúde de todo o país, explicou que o plano contextualiza a epidemia a nível mundial, define responsabilidades ao nível central e descentralizado e descreve a organização da resposta, numa perspectiva multissectorial e pluridisciplinar, de forma a permitir uma abordagem que enfatize o compromisso do Ministério da Saúde.

Segundo o Plano Nacional de Contingência, Cabo Verde está, ainda, no primeiro nível de alerta em três possíveis.

Ou seja, como explicou Artur Correia, Cabo Verde está numa situação “em que o risco de introdução do Covid-19” no país é elevado mas sem “casos suspeitos”. Ou seja, o nível 1 corresponde a uma situação de alerta.

Já o segundo nível é o de perigo iminente e é descrito como em que há a “situação de confirmação de um caso suspeito”. “Perante a confirmação de caso suspeito numa Região Sanitária ou num município/ilha, deve ser feita uma reavaliação das capacidades de transporte e isolamento de casos, para um eventual aumento de capacidades nestes domínios.

O último grau de alerta, o terceiro, corresponde à situação de emergência de saúde pública e “corresponde a uma situação em que há a confirmação de transmissão local do primeiro caso de Covid-19 no território nacional”.

No mesmo documento lê-se ainda que o objectivo é reforçar o compromisso do Ministério da Saúde mas, também, conseguir a responsabilização de todos os intervenientes, públicos ou privados na prevenção e controlo, na “facilitação de normas e procedimentos, para a detecção precoce da entrada do Covid-19, no país, o seguimento de viajantes provenientes de países de transmissão activa da doença e a implementação de acções para o empoderamento da população”.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 954 de 11 de Março de 2020. 

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Autoria:Andre Amaral,14 mar 2020 9:26

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  11 dez 2020 23:21

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