Segundo Nuías Silva, há informações de que, por detrás da aceleração desta decisão de suspensão da CVA, estão as declarações feitas pelo Governo, através do Ministro do Turismo e Transportes (MTT), quando, em entrevista à RCV, no dia 8 de Abril (e também transmitida pela TCV), aborda o risco da não sobrevivência da Cabo Verde Airlines, após esta paragem.
“Estas declarações graves, vindas de um membro do Governo, terão despertado uma atenção especial dos vários credores da CVA, de entre os quais a IATA. A verdade é que a situação da CVA é grave. E não é de hoje, começou muito antes da pandemia do Coronavírus”, indica.
Essa suspensão, feita pela IATA, veio demonstrar que o que está em causa é uma dívida de, aproximadamente, 2,4 milhões de dólares com a IATA. “E a realidade também tem demonstrado que, após a privatização, com a nova gestão da CVA, os problemas se agravaram, as dificuldades aumentaram, as dívidas e passivos foram se acumulando e o Estado continuou a injectar recursos e capitais, quer de forma directa, quer de forma indirecta, através das garantias e avales, para empréstimos junto do sistema financeiro”, acusou.
Nuías Silva afirmou que essa situação poderia ser evitada se houvesse maior transparência e responsabilidade do Governo na condução deste dossier. “Esta suspensão e comunicação da IATA mancham o bom nome e a credibilidade do país, pois caso a situação não seja regularizada, dentro de 30 dias, com a retirada do Código VR, a CVA fica impossibilitada de toda e qualquer operação comercial”.
O vice-presidente do maior partido da oposição acredita que esta situação, para além de afectar directamente a imagem do país e da CVA, impacta directamente as agências de viagens nacionais e clientes individuais, porque a suspensão inclui as vendas pendentes e reclamações de reembolso também pendentes que já não serão liquidadas pela IATA.
Para Nuías Silva, esta situação da CVA, que, como referido, diz não ter não começado com a pandemia do novo coronavírus, vem-se arrastando, há já algum tempo, com informações vindas a público.
“O encerramento destas linhas vieram até a minimizar os riscos da continuidade das operações deficitárias. Isto, para além dos enormes prejuízos que a companhia vinha acumulando, por falhas de gestão na contratualização de serviços de leasing das aeronaves em regimes desfavoráveis às existentes no mercado concorrencial”, sublinha.
O representante do PAICV considera que os cabo-verdianos não podem continuar a aceitar que a intransparência na gestão de negócios públicos faça escola e diz contar com todos para evitar ter a nação sob secretismo.
A suspensão da CVA da da Billing and Settlement Plan (BSP) foi anunciada pela IATA esta semana. Contactada pelo Expresso das Ilhas a administração da empresa apontou a actual situação de pandemia de COVID-19 como a principal causa para a suspensão. A empresa garante que está a "trabalhar arduamente para responder a todos os requisitos e obrigações mandatórios para regularizar todos os processos."