Pela voz do líder parlamentar do PAICV, Rui Semedo, perguntou “quando é que os aviões da empresa de transportes aéreos vão chegar, que condições os islandeses colocaram para os seus aviões deixarem a placa de Miami, quanto é que os cabo-verdianos vão pagar por esta decisão, sobre o futuro dos trabalhadores da empresa”.
O deputado questionou ainda “que negociações estão a ser feitas” com os investidores nacionais para “não perderem os avultados recursos” investidos neste negócio e defendeu que o Governo deveria fazer “todas as diligências” para receber o saldo de 48 mil contos que devem ao país nesse negócio.
Conforme Rui Semedo, também houve um “desengajamento total do Estado do sector sem que fossem criadas as condições necessárias para o funcionamento eficiente dos transportes marítimos”. Isto, sustentou, fez o País perder tempo, recursos e oportunidades.
É que para o partido, “se desde o início as privatizações dos transportes marítimos o Estado tivesse acautelado as suas responsabilidades, talvez hoje o País não estaria ainda em busca do melhor caminho”.
“As soluções encontradas são tão más que o próprio Governo já fala de renegociação da concessão, talvez mexendo no modelo, talvez revisitando a organização e, quem sabe, talvez repensando as saídas para um novo envolvimento dos armadores nacionais e encontrar novas respostas para a circulação de pessoas e bens e a promoção das trocas diversas”, argumentou.
Segundo o político, apesar dos “avultados recursos públicos investidos” em subsídios e avales “ainda não se conseguiu pôr de pé um sistema de transportes marítimos minimamente estruturado para dar garantias de um sistema de transportes seguro, regular, acessível e previsível”.
Para Rui Semedo, “só resta esperar” para que o próximo Governo, a sair das eleições do mês de Abril, venha trabalhar numa solução “mais equilibrada, mais justa e mais consentânea com os interesses dos cabo-verdianos”.
Em resposta, o deputado do Movimento para a Democracia (MpD, poder), João Gomes, disse que a declaração política do grupo parlamentar do PAICV “é mais uma situação de dor de cotovelo”.
“É uma resposta que o PAICV dá ao anúncio da CV Interilhas que já está um novo navio aqui na ilha. Dantes a preocupação era Chiquinho que já demonstrou que é um navio de sucesso nesta ligação São Vicente – Santo Antão”, reagiu.
Conforme João Gomes, “a saga do PAICV não pega”, em relação aos transportes marítimos, porque “os cabo-verdianos acompanham toda a acção do Governo do MpD”.
“Em apenas dois anos a CV Interilhas já comprou dois navios. Um a funcionar em pleno com muito sucesso e outro que já vem a caminho. Em 15 anos o Governo do PAICV adquiriu dois navios que infelizmente passam mais tempo na doca do que a navegar”, acrescentou o deputado lembrando ainda os números referentes às viagens, ao transporte de carga e de passageiros feitos pela CV Interilhas.
Por sua vez, o deputado e líder da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição), António Monteiro, considerou que “se há um sector em que o Governo falhou de forma terrível é o dos transportes”, quer a nível aéreo quer marítimo e terrestre.
Para o político, Cabo Verde, enquanto ilhas, teria que ter uma política completamente diferente e bem definida, para que o passageiro pagasse um preço muito mais cómodo e barato para poder ter mais viagens.
“Não é normal que eu enquanto presidente de um partido e deputado não consigo sair de São Vicente durante 15 dias. Não é normal que um cidadão do Fogo que há uns anos pagava 12 contos hoje ele paga 19 contos”, criticou.
Quem também respondeu foi o secretário de Estado, Carlos Monteiro, que explicou que a política dos transportes do actual Governo é “diferente” da do anterior.
Recorrendo aos números, o responsável disse que no ano de 2020, apesar da pandemia, o total de viagens nos transportes marítimos foi de 421 escalas, houve 354.229 escalas, 417 unidades no tráfego, roll-on roll-off e transportaram quase 175 mil toneladas de mercadorias.