A líder do PACV enumera alguns pontos que, no seu entender, evidenciam a situação socioeconómica das famílias.
“Foi garantida uma única actualização salarial de 2,2%, para apenas 8% dos funcionários público. Que dizer de um país em que crescimento propalado foi de 5%, mas que não investiu no mundo rural, deixando as famílias sofrerem à míngua durante três anos de seca consecutiva? Como assumir que as famílias estão a viver melhor, quando temos ilhas com um único voo por semana e o transporte marítimo, apesar de todo o apoio do Estado passa por sérias dificuldades?”, questiona.
Janira Hopffer Almada volta a referir que o crescimento de 5% da economia, anunciado pelo governo, não se traduziu em melhoria das condições de vida das famílias, nem gerou empregos.
A parlamentar aponta o dedo ao que classifica de “desperdício e esbanjamento”.
“E aqui podemos afirmar com frontalidade que, infelizmente e desde a primeira hora, houve uma clara inversão de prioridades nesta governação. Não se priorizou, infelizmente, uma visão de desenvolvimento com aposta em sectores estratégicos, como turismo, agricultura e as pescas. Ao invés disso, apostou-se numa gestão corrente e num crescimento estribado, quase exclusivamente, nos impostos e na pressão sobre as pequenas e médias empresas, aliadas a uma publicidade que não traduzia a realidade”, crítica.
Em resposta, a líder parlamentar do MpD, Joana Rosa, refuta as acusações do PAICV e destaca a eficácia das medidas adoptadas.
“A pandemia veio mostrar as dificuldades do país, mas poucos dizem que a pandemia criou mais pobres. Criou, sim, mais dificuldades aos pobres e aos não pobres, aos que perderam o seu emprego e aos que viram os seus salários reduzidos. Resgatar a esperança foi a promessa que o MpD selou com os cabo-verdianos e fomos, aos poucos, combatendo três anos consecutivos de seca, mitigando os seus efeitos na vida das nossas populações, no mundo rural e nas cidades”, assegura.
A parlamentar assegura que, desde que tomou posse, em 2016, o governo tem trabalhado para a o reforço da economia, do investimento, crescimento, emprego e diminuição das desigualdades.
Joana Rosa sublinha que falar de políticas sociais não se resume aos apoios do estado aos mais vulneráveis.
“Mas sim de intervenções do governo, visando a redução da pobreza, a criação de mecanismos que possam tirar essas pessoas da pobreza pela via da criação do emprego e não alimentar a que continuem na pobreza. Foi assim que o governo suportado pelo MpD, saído das eleições de 2016, implementou uma série de reformas, pensando numa política social cuja meta foi de reduzir a pobreza extrema, reduzir o fosso entre ricos e pobres, garantir o direito de acesso à educação, saúde e melhoria de qualidade de vida, conferindo dignidade aos cabo-verdianos”, sublinha.
O debate sobre políticas de famílias e inclusão social com o primeiro-ministro marcou hoje o arranque da segunda sessão parlamentar de Novembro, que tem como destaque, na agenda dos trabalhos, a discussão e aprovação do Orçamento de Estado para o próximo ano.