Para o Chefe de Estado, a atracção de investimentos, necessária para que África saia da periferia do mercado turístico, passa pela criação de infra-estruturas materiais, tanto quanto pela aposta nas “infra-estruturas imateriais” - paz, estabilidade e segurança. A credibilidade é outro factor “determinante de confiança”, referiu.
“Sair da periferia do turismo mundial implica saber aproveitar, a favor do desenvolvimento da indústria de produção de bens de cultura, a grande sinergia entre turismo e cultura. A aposta do sector cultural, como impulsionador do turismo, exige um elevado grau de criatividade, conducente à diferenciação do produto oferecido localmente com aquilo que a concorrência oferece”, acrescentou.
A reunião da Comissão Africana da OMT acontece em contexto pandémico, marcada pela incerteza que persiste sobre a retoma da actividade, e num país em que 25% do Produto Interno Bruto depende do turismo.
Consciente deste contexto, Jorge Carlos Fonseca recordou que é preciso entender de que forma o sector “sofreu ou vai sofrer alterações” face à realidade existente até 2019.
“Para além dos acentuados impactos económicos dessa realidade, que tem sido muito severa para Cabo Verde, enquanto pequeno Estado insular em desenvolvimento, fortemente dependente do sector do turismo e com secas recorrentes, e bem assim para outros países, da grande perturbação que tem afectado, de forma poderosa, a economia e todo o sistema de transportes com reflexos no turismo, temos de reflectir sobre as implicações da realidade sanitária no sector”, sublinhou.
“Não se trata apenas da importantíssima questão da criação de condições que assegurem tranquilidade sanitária aos visitantes, mas, também, das inevitáveis adaptações a novas demandas que podem resultar da complexa situação em que o mundo ainda se encontra mergulhado”, reforçou.
Com o mundo a enfrentar uma crise de saúde pública sem precedentes, com consequências económicas significativas, que afectam de forma muito particular os trabalhadores turísticos, o Presidente da República espera que a recuperação possa contribuir para a redução das desigualdades.
“Pelo menos no caso de Cabo Verde, o turismo deve ser um factor de coesão social, pelo que não nos é possível continuar a ter trabalhadores pobres no sector”, destacou.
Fonseca também espera uma aposta no turismo dentro do continente, numa perspectiva sul-sul e de África enquanto região emissora.
Cabo Verde acolhe, esta quinta-feira, na ilha do Sal, a 64ª reunião da Comissão Regional Africana da OMT. Amanhã, sexta-feira, as delegações participam no segundo Fórum Global de Turismo para o Investimento em África.
A promoção do investimento no sector turístico, a construção de uma imagem positiva do continente, enquanto destino turístico e a maior integração continental são as principais metas a alcançar.
De acordo com o governo, estão no país mais de duzentos participantes, entre ministros do turismo, investidores e instituições financeiras internacionais, acompanhados de especialistas do sector turístico.
O programa oficial do duplo evento prolonga-se até sábado, dia dedicado a visitas e encontros.