“A particularidade deste ano é que, se a maior parte das ilhas do Norte do arquipélago acusou défice de chuvas desde o começo da campanha e com algumas excepções, já nas ilhas do Sul tudo estava a decorrer relativamente bem até finais de Setembro, com bom pasto e com culturas de milho e feijões a desenvolveram-se normalmente e em condições de humidade. Só que no início deste mês de Outubro, tudo mudou rapidamente e para pior”, discursou o vice-presidente da bancada Parlamentar do MpD, Euclides Silva, durante a sessão parlamentar de hoje.
Segundo Euclides Silva, no que respeita ao pasto, a produção afigura-se razoável nas ilhas de Sotavento, à excepção de uma parte do Maio, do concelho da Ribeira Grande de Santiago e dos litorais de Sta. Catarina de Santiago, de S. Filipe, no Fogo, e da Brava.
Já no Barlavento a situação é fraca, sendo nula em grande parte da Ilha de Sto. Antão, nomeadamente todo o concelho do Porto Novo e parte considerável dos concelhos do Paul e de Ribeira Grande; em São Vicente, no litoral de São Nicolau e parte da Boavista.
Euclides Silva referiu ainda que não houve recarga dos aquíferos nas principais ribeiras de horticultura, pois não houve escoamento superficial, à excepção dos concelhos do Tarrafal e São Miguel e uma parte da Boavista.
“A espelhar esta realidade, as barragens funcionais estão quase todas vazias à excepção da de Principal, de Saquinho e de Faveta, que se encontram com água a cerca de 90%, 40% e 50% das respectivas capacidades”, apontou.
O MpD regozijou-se com a decisão do governo mediante a aprovação de um programa orçado em 170 mil contos, que inclui medidas de reforço à manutenção da actividade produtiva a nível da pecuária e da agricultura, à mobilização e gestão da água e ao apoio ao rendimento das famílias mais afectadas, através do emprego público nas localidades.
Assim, o partido insta o executivo a assegurar, o quanto antes, as condições necessárias para a implementação eficaz do programa, mitigando uma vez mais os efeitos da seca e da fraca produção havida.
“Encorajamos o governo a continuar a desenvolver, paralelamente, as medidas de reforço de resiliência do sector agro-silvo-pastoril e das famílias e sua adaptação aos efeitos das mudanças climáticas”, apelou, referindo-se à estratégia da água associada às energias renováveis com projectos de dessalinização das águas salobras e reutilização das águas residuais tratadas na agricultura.
Euclides Silva exemplificou ainda com os incentivos para o alargamento da irrigação gota-a-gota e para a construção de currais, bem ao reordenamento da agricultura em função das condições agroclimáticas.