As declarações dos partidos foram feitas durante o debate com o ministro adjunto do Primeiro-ministro para a Juventude e Desporto.
Segundo o deputado do PAICV, Walter Évora, apesar de significativa expressão demográfica, a juventude cabo-verdiana é o grupo que regista a maior exclusão do campo de trabalho formal.
“Os jovens são os mais afectados pelo desemprego, os mais expostos à pobreza, os que mais sofrem com a exploração laboral, sendo que milhares de jovens cabo-verdianos tem de recorrer a trabalhos informais e precários para poderem suprir as suas necessidades económicas”, discursou.
O PAICV sustentou que há um aumento “preocupante de jovens formados, com licenciatura, que estão numa situação de desemprego prologando e que o mercado de trabalho não consegue absorver a quantidade de jovens que são formados todos os anos”.
“Os jovens cabo-verdianos formados não confiam nos recrutamentos da administração pública, que não são transparentes e não são feitos com base na meritocracia, mas sim na simpatia partidária. No mundo rural, o desemprego juvenil é também particularmente preocupante”, disse.
Walter Évora apontou ainda que a maioria dos jovens estão empregados no sector do turismo com salários baixos em contraste com o custo de vida elevado principalmente nas ilhas do Sal e Boa Vista.
“As medidas anunciadas pelo governo de combate aos problemas da juventude são insuficientes, ineficazes e não levam em conta a dimensão estrutural dos problemas da juventude caboverdiana”, sustentou.
Por seu turno, o vice-presidente do grupo parlamentar do MpD, Euclides Silva, começou por apontar algumas medidas adoptadas pelo governo que benificiaram os jovens.
Entre essas medidas, Euclides Silva citou a implementação do lay-off que permitiu que de 24.423 trabalhadores, maioritariamente jovens, mantivessem os empregados.
“Não se pode falar só do passado, e por isso dizemos que o governo vai continuar a investir na nossa juventude. Porque investir na juventude é investir no presente e no futuro Cabo Verde”, assegurou.
Neste sentido, prosseguiu, em 2022 o governo inscreveu um conjunto de medidas e incentivos que vão impactar directamente a vida dos jovens, como o fomento a contratação de jovens por parte das empresas, bem como a comparticipação no pagamento dos salários, previstos no Orçamento de Estado para o presente ano.
Euclides Silva garantiu que o executivo vai continuar a investir na juventude, referindo que com o sistema de financiamento, já foram financiados 844 projectos, no âmbito do programa Start-up jovem, oriundos de todas as ilhas, maioritariamente detidos por jovens.
“O valor total dos investimentos previstos, ronda os 2 milhões 148 mil contos”, pontuou.
“Será que tudo foi feito para juventude? Claramente que não! Mas não se pode esquecer todo o esforço, todo o empenho que este governo, liderado por Ulisses Correia e Silva, tem colocado na resolução dos problemas que ainda afligem a juventude”, concluiu, pedindo aos jovens que continuem a acreditar.
Para a UCID, a realização do direito ao emprego passa por respostas inteligentes, por apoiar as iniciativas dos jovens na área do emprego e por dotá-los de ferramentas como a formação profissional, assim como a concessão de microcréditos, pelo empreendedorismo.
“É igualmente necessário o resgate de valores morais e valores éticos e de políticas que anulem os comportamentos desviantes e, consequentemente, a delinquencia juvenil. Neste sentido, é fundamental se fazer uam aposta na ocupação dos tempos livres e no desporto”, defendeu Zilda Oliveira.