“O quadro é incerto, o quadro é volátil, o quadro é imprevisível. Estamos a acompanhar a evolução da economia internacional e o seu impacto na economia cabo-verdiana. Neste momento ainda não temos uma ideia sobre essa necessidade”, afirmou Olavo Correia, questionado pela Lusa à margem da conferência “Serviços financeiros digitais justos e seguros”, que decorre hoje na sede do Banco de Cabo Verde, na Praia.
“Temos de continuar a avaliar os impactos sobre a economia cabo-verdiana, sobre os cidadãos cabo-verdianos, o impacto sobre a evolução na dinâmica de crescimento da economia internacional e só em função dessa avaliação, um pouco mais à frente, é que nós podemos tomar uma decisão”, acrescentou, sobre um eventual Orçamento Retificativo em 2022, que a verificar-se repetiria o cenário de 2020 e 2021, então devido aos efeitos económicos e financeiros da pandemia de covid-19.
Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - sector que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde Março de 2020, devido à pandemia de covid-19.
O país registou em 2020 uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB. O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido 7,2% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022.
Previsões que o ministro das Finanças vê agora com mais cautela, face à conjuntura internacional de escalada de preços de energia e alimentos, provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Temos que estar atentos e todos os dias temos que rever os cenários. Em função dessa avaliação, dessa revisão, podemos depois tomar as medidas em relação ao Orçamento Rectificativo ou não. Mas neste momento ainda não temos nenhuma decisão em relação a esta matéria”, acrescentou Olavo Correia, em declarações à margem da conferência “Serviços financeiros digitais justos e seguros”, que decorre hoje na sede do Banco de Cabo Verde, na Praia, assinalando o dia mundial dos Direitos do Consumidor.
Na sua intervenção na abertura da conferência, o governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos, recordou que a economia nacional “vinha evoluindo favoravelmente no quarto trimestre de 2021”, com as “economias dos principais parceiros a prosseguirem com a sua trajetória de recuperarão”, além de uma “continua recuperação da actividade económica” no mesmo período, “ainda que mais modesta face ao terceiro trimestre” do ano passado.
“No entretanto, a guerra e as consequentes sanções económicas à Rússia vieram introduzir mais incertezas e volatilidade aos mercados e, seguramente, vão impactar negativamente o comportamento dos preços e o crescimento económico nacional e internacional”, alertou o governador.
Óscar Santos avançou que as contas externas de Cabo Verde registaram uma “melhoria” em 2021, “com reflexos ao nível das reservas internacionais líquidas, que passaram a garantir cerca de sete meses de importações de bens e serviços estimadas” para aquele ano.