“Nos últimos tempos, para não dizer os últimos anos, temos constatado alguma conturbação no País”, iniciou o também presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), explicitando um panorama de perturbação que o mesmo percebe permeando várias esferas do contexto cabo-verdiano.
Diversos pontos foram abordados pelo deputado, focando especialmente nas áreas de privatização e gestão de infra-estruturas.
Santo Luís evidenciou uma situação específica, dizendo: “Acaba-se de privatizar, por exemplo, a ASA, a primeira medida que se toma é o aumento de taxas nos aeroportos, os transportes marítimos, de facto, estão um caos.”
As críticas não se limitaram apenas ao sector dos transportes, mas também se estenderam à visão e gestão governamental como um todo.
O parlamentar sublinhou que as perturbações actuais não são eventos isolados, mas sim parte de uma sequência de eventos que se têm desenvolvido há anos.
“São esses tipos de conturbações que nós estamos a viver hoje, que já vêm arrastando há alguns anos que nos leva a dizer de facto, que o país precisa ser pensado com mais responsabilidade”, acusou.
Adicionalmente, numa das declarações mais fortes e preocupantes, abordou o estado do diálogo e do exercício do poder no país.
“O abuso do poder ainda é claro em Cabo Verde pelo Governo que governa neste momento, estamos pior do que quando estávamos na década de 75 e anos 90, em regime de partido único. Estamos pior, não há diálogo, não há diálogo, portanto, há abuso claro do poder. Há desmando do poder”, frisou.
A proposta do deputado não ficou apenas nas críticas, mas também numa chamada para uma reestruturação do processo decisório e de diálogo no país.
“O país, como eu disse, precisa ser pensado de forma diferente. Os governantes devem ser humildes o suficiente para sentarem se à mesa com todos os atores políticos e pensarmos no país de forma diferente”, instigou Santo Luís, lançando um convite para uma “reflexão e diálogo amplo” entre os diversos actores políticos cabo-verdianos.