Em entrevista à Inforpress para perspectivar as estratégias delineadas para o novo ano, João Santos Luís fez uma retrospectiva de 2023, que, considerou ter sido um ano de “muito trabalho” e que permitiu à UCID ter, neste momento, sete estruturas partidárias organizadas, seis em Cabo Verde e uma na diáspora, nas Américas.
Entretanto, conforme a mesma fonte, agora a bateria do partido está apontada para a actualidade de 2024 que, sustentou, “vai ser um ano extremamente exigente e desafiante”, tendo em conta as eleições autárquicas a acontecer entre Outubro e Novembro próximos.
“É um ano que irá exigir um grande sacrifício por parte de todos os dirigentes, militantes, simpatizantes e amigos do partido para que possamos atingir os objectivos preconizados e traçando a estratégia que espelhamos no Congresso de Março de 2022”, observou.
João Santos Luís garantiu estarem a fazer um trabalho, de fora para dentro e de dentro para fora, de forma organizada, pensada e que devera conseguir alguns frutos, entre estes, melhorar os resultados das eleições.
Neste sentido, ajuntou, a UCID trabalha para conseguir o “equilíbrio de forças” nas diferentes câmaras municipais que onde deverá concorrer.
“O equilíbrio de forças é fundamental, tanto no poder central, como no poder local. O País tem tido recursos que se fossem bem utilizados, utilizados de forma harmoniosa, respeitosa, cuidadosa, o País estaria num outro patamar”, argumentou.
“Este equilíbrio que poderá acontecer já agora em 2024 lá onde nós iremos candidatar”, prognosticou.
Entretanto, o presidente dos democratas cristãos apontou o exemplo de São Vicente, onde dividem o poder na câmara e na assembleia municipal com o Movimento para a Democracia (MpD, poder) e Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição).
“Conseguimos este equilíbrio em 2020, mas, só que a pessoa que foi eleita presidente da câmara, nunca teve esta capacidade de diálogo a ponto de as coisas funcionarem”, lamentou João Santos Luís.
Mesmo assim, garantiu que vão correr este “risco” que, considerou, advém do estado da democracia cabo-verdiana, na qual “falta a algumas pessoas mostrarem uma atitude adulta e responsável”.
Por outro lado, conforme a mesma fonte, uma das dificuldades encontradas para a obtenção deste objectivo é o facto de “muito pouca gente” estar disposta a participar das listas da UCID.
Um comportamento, admitiu, fruto de uma democracia, na qual pessoas têm “medo” de participar de listas de partido como a UCID, que ainda não é do arco do poder por receio de serem depois “ameaçadas, ignoradas e perseguidas”.
João Santos Luís, que não quis avançar nomes, assegurou haver casos de “perseguição dura”, por exemplo nas ilhas de São Vicente e Sal, principalmente na função pública.
Apesar dos constrangimentos, asseverou que vão continuar a trabalhar porque “qualquer maioria absoluta atribuída nas urnas é mau para o País e para a ilha”.
Questionado sobre o “mal-estar” registado durante as presidenciais de 2021, em que a UCID decidiu apoiar o candidato Carlos Veiga, Santos Luís afiançou que já está ultrapassado com a nova direcção eleita em 2022 “pensa diferente”.
“Nós temos de ter a capacidade de fazer diferente para que as pessoas possam ver nas nossas intervenções, nas nossas conversas com militantes, com simpatizantes e com a população em geral, para que possam ver que as atitudes mudaram e são diferente pela positiva”, lançou, com a ideia de estarem preparados para darem o seu “valioso contributo”.