Posição apresentada pelo líder da UCID, João Santos Luís, em conferência de imprensa de antevisão do debate sobre o estado da Nação que acontece na próxima semana.
“Já dissemos que não aceitamos desculpas e nem subterfúgios de pandemia e nem dos conflitos, porque se quiséssemos tínhamos criado almofadas, quer em termos de combustível, quer em termos de grãos para face aos períodos que não dependem de nós (…). Convém lembrar que, com a chegada em início do ano de 2020, da pandemia, bem como os efeitos económicos negativos de invasão da Ucrânia pela Rússia, todos os preços dos produtos e serviços dispararam de forma significativa e até hoje, já em finais do ano de 2024, nunca mais os preços regressaram aos níveis anteriores à pandemia, tendo-se registado em alguns casos, e de forma muito tímida, reajustes salariais”, lembra.
João Santos Luís acusa o Governo de não ter conseguido encontrar soluções adequadas para evitar a degradação socioeconómica, recorrendo a medidas paliativas.
A nível laboral, o líder da UCID aponta para um ano tenso, marcado por reivindicações e protestos em todos os sectores.
“Verificou-se e continuam verificando-se descontentamentos generalizados da maior parte das classes profissionais do país, o que motivou estas classes profissionais, bem como os seus representantes, a manifestarem-se legitimamente em greves, reivindicando a reposição dos seus direitos laborais e dignificação das referidas classes profissionais que representam (…). O contexto laboral no país esteve muito tenso, face à incapacidade de resposta por parte do governo em encontrar soluções para resolver e repor a dignidade e os direitos laborais das classes profissionais”, indica.
A UCID afirma que em 2024 não houve melhoria no sector privado nacional, que continua com os problemas de sempre, agravados pelos custos de contexto, aumento da carga fiscal. Quanto ao sector empresarial do Estado denuncia “níveis elevadíssimos de nepotismo e abuso de poder”.
As desigualdades no acesso à educação, as fragilidades do sistema de saúde, as rupturas constantes dos medicamentos são outras preocupações apontadas pela UCID.
No que se refere à conectividade entre as ilhas, os democratas-cristãos apontam para a desestabilização do sector, com impacto directo na economia.
“A conectividade do país continua sem norte, tanto aéreo como marítimo, com preços proibitivos e provocando desestabilização regular do sector dos transportes no seu todo, prejudicando internamente os cabo-verdianos e o próprio sector do turismo, que não consegue dar o salto desejado, face à inércia e a incompetência do governo na procura de soluções duradouras e definitivas para estabilização dos transportes em Cabo Verde.
Quanto à segurança e justiça, os democratas-cristãos alertam para a necessidade de mais investimentos e medidas adequadas em termos de qualificação de recursos humanos para a concretização de um sistema “eficaz e célere”.
O estado da Nação que vai estar em discussão no parlamento no dia 31 de Julho, sessão que marca o encerramento do ano parlamentar.