A posição da UCID foi apresentada pelo líder João Santos Luís, durante uma conferência de imprensa de antevisão do debate sobre o estado da Nação que acontece na próxima sexta-feira, no parlamento.
“O estado da Nação cabo-verdiana em 2023 é bastante preocupante para os cabo-verdianos, tendo vários factores, atitudes e acções dos responsáveis políticos e públicos, contribuído para que a nação estivesse hoje no estado preocupante em que se encontra. Algumas destas razões com clara implicação nas crises que o país continua vivendo, nomeadamente, seca, a alta inflação, a situação laboral precária em vários sectores de actividade, contratos precários na Administração Pública, local e central, falta de transparência na gestão dos recursos públicos e ausência de políticas públicas assertivas que vão ao encontro das necessidades da economia, das empresas e da população”.
Para João Santos Luís, o país tem sido governado como se de uma gestão corrente se tratasse, com medidas paliativas que não respondem cabalmente aos anseios da população de forma sustentável. O responsável partidário acusa o Governo de não ter conseguido encontrar soluções socioeconómicas adequadas que tornem o país resiliente aos choques externos.
“Por todo o país, em 2023, os cidadãos cabo-verdianos e os imigrantes passaram e continuam a passar por momentos difíceis jamais vistos, com preços exagerados dos produtos da primeira necessidade, bem como dos serviços a contribuírem para a rápida degradação da qualidade de vida destes, enfrentando uma taxa de inflação considerada fora do comum, que ultrapassa em média os 7 %. O governo diz ter tomado algumas medidas para mitigar a situação, mas que consideramos ficar muito aquém da realidade daquele que o país precisa, principalmente para as camadas mais vulneráveis economicamente”, entende.
A UCID não esquece os transportes, como fundamental para garantir a unidade territorial com ligações regulares e previsíveis, seguras e rápidas em todas as ilhas. Entretanto, continua a enfrentar dificuldades e a condicionar a vida dos cabo-verdianos.
“O sistema de transportes deve ser melhorado significativamente, para que a mobilidade interna seja uma realidade. É simplesmente constrangedor quando um turista chega a ilha do Sal ou a ilha da Boa Vista e não consegue deslocar-se às restantes ilhas do arquipélago por ausência ou insuficiência de transporte marítimo ou aéreo.A política desenhada para o sector de transporte, funciona com muitas dificuldades, e constrangimentos, sobretudo nas épocas altas, não permitindo uma mobilidade de pessoas e mercadorias de forma regular e os preços são proibitivos”, refere.
A nível da justiça, os democratas cristãos consideram que para além das promessas da ministra e por mais investimentos que se faça, a morosidade ainda é uma realidade que precisa ser combatida. A nível da saúde, defende o aumento do orçamento, critica as listas de espera para consultas de especialidade, a ausência de um aparelho de TAC no Hospital Baptista de Sousa em São Vicente, falta de investimentos e de pessoal.
As desigualdades no acesso à educação, “os picos de insegurança” nos principais centros urbanos e a queima do lixo a céu aberto são outras preocupações apontadas pela UCID.