Presidentes de PAICV e UCID preocupados com políticas de Donald Trump

PorExpresso das Ilhas, Inforpress,22 jan 2025 10:20

Rui Semedo e João Santos Luís declararam, esta terça-feira, em entrevista à Inforpress, estarem preocupados com as políticas e medidas anunciadas pelo presidente dos EUA.

“O Presidente Donald Trump, no seu discurso de posse, falou em abandonar o Acordo de Paris, a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre outras medidas que irá tomar, são sinais muito preocupantes”, afirmou o presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática.

“Quanto à deportação de imigrantes ilegais e aqueles que têm crimes, a UCID foi o único partido que, na sessão anterior, ao longo do debate com o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros e Integração Regional, manifestou esta preocupação ao Governo”, indicou Santos Luís, acrescentando que o seu partido tinha alertado o executivo de Ulisses Correia e Silva no sentido de preparar medidas para possível mitigação, se as tais medidas forem concretizadas pela administração Trump.

Disse que, na altura, o Governo respondeu “com um silêncio” aos deputados da UCID.

“Ouvi o senhor primeiro-ministro a dizer que o país está preparado para eventuais deportações, mas nós sabemos que não. Quem está no Governo tem esta tendência de dizer que estamos preparados contra tudo e todos, quando não é verdade", enfatizou o líder dos democratas cristãos, acrescentando que os governantes têm de ser humildes e ouvir os restantes actores políticos para, num "diálogo frutífero", se conseguir medidas de mitigação, no caso de Cabo Verde ser afectado pelas medidas de administração Trump.

Já o presidente do PAICV, Rui Semedo, defendeu que as medidas que Donald Trump anunciou, esta segunda-feira, preocupam "claramente" o seu partido.

"Temos apenas que respeitar a escolha e a preferência dos cidadãos norte-americanos", acentuou o presidente do maior partido da oposição, acrescentando que Cabo Verde tem de ter um "Governo muito activo na sua política externa e que desenvolva um diálogo muito forte com o Governo dos Estados Unidos da América e que reforce as relações bilaterais entre os dois países, com vista a beneficiar a nossa comunidade emigrada nos EUA".

"É papel do Estado de Cabo Verde desenvolver acções, pela via diplomática, que visem proteger a nossa comunidade e garantir a protecção de todos os cidadãos individualmente", indicou Rui Semedo, para quem o executivo de Ulisses Correia e Silva deve estabelecer negociações com o Governo dos EUA, em ordem a encontrar "mecanismos que garantam a protecção dos cabo-verdianos neste país".

Saída dos EUA da OMS

Outro tema comentado pelos dois líderes partidários foi o da saída dos EUA da OMS.

Rui Semedo entende que qualquer perspectiva no sentido de fragilizar organizações internacionais, como a OMS, é "preocupante", porque, justificou, os estados, principalmente os mais frágeis, como é o caso de Cabo Verde, precisam destas organizações.

"A OMS tem cumprido um papel importante a nível mundial e a nível dos países menos desenvolvidos, funcionando como um espaço, digamos, de seguimento das políticas e dos fenómenos sanitários que vão acontecendo", reconheceu o presidente do PAICV.

João Santos Luís não tem dúvidas de que esta situação, a concretizar-se, afectará Cabo Verde, um país que tem uma "parceria invejável" com todos os seus parceiros internacionais, nomeadamente a Organização Mundial da Saúde.

Na sua perspectiva, o novo Presidente dos Estados Unidos deverá reconsiderar os anúncios que fez e tomar "medidas certas", porque, salientou, "são medidas muito preocupantes para o mundo".

Saída do Acordo de Paris

Para o presidente da UCID, a saída dos EUA do Acordo de Paris, que visa atenuar os efeitos negativos das alterações climáticas, terá consequências para Cabo Verde.

líder da UCID afirmou que a medida do Trump preocupa qualquer cidadão ou político que acompanha as dinâmicas mundiais e as políticas que vêm sendo implementadas com vista a melhorar a qualidade de vida do planeta.

Ainda no que tange ao Acordo de Paris, Santos Luís é peremptório ao afirmar que a retirada dos EUA "prejudicará grandemente Cabo Verde".

Segundo Rui Semedo, a retirada dos EUA do Acordo de Paris também inquieta o seu partido, uma vez que, disse, o impacto ambiental em Cabo Verde é "brutal".

"O aquecimento global é já uma ameaça cada vez mais real, pelo que os países devem manter a sua preocupação no que tange às questões ambientais e à agenda para se proteger o planeta das ameaças iminentes", admitiu o líder do PAICV.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Inforpress,22 jan 2025 10:20

Editado porAndre Amaral  em  22 jan 2025 23:28

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