“O Presidente Donald Trump, no seu discurso de posse, falou em abandonar o Acordo de Paris, a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre outras medidas que irá tomar, são sinais muito preocupantes”, afirmou o presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática.
“Quanto à deportação de imigrantes ilegais e aqueles que têm crimes, a UCID foi o único partido que, na sessão anterior, ao longo do debate com o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros e Integração Regional, manifestou esta preocupação ao Governo”, indicou Santos Luís, acrescentando que o seu partido tinha alertado o executivo de Ulisses Correia e Silva no sentido de preparar medidas para possível mitigação, se as tais medidas forem concretizadas pela administração Trump.
Disse que, na altura, o Governo respondeu “com um silêncio” aos deputados da UCID.
“Ouvi o senhor primeiro-ministro a dizer que o país está preparado para eventuais deportações, mas nós sabemos que não. Quem está no Governo tem esta tendência de dizer que estamos preparados contra tudo e todos, quando não é verdade", enfatizou o líder dos democratas cristãos, acrescentando que os governantes têm de ser humildes e ouvir os restantes actores políticos para, num "diálogo frutífero", se conseguir medidas de mitigação, no caso de Cabo Verde ser afectado pelas medidas de administração Trump.
Já o presidente do PAICV, Rui Semedo, defendeu que as medidas que Donald Trump anunciou, esta segunda-feira, preocupam "claramente" o seu partido.
"Temos apenas que respeitar a escolha e a preferência dos cidadãos norte-americanos", acentuou o presidente do maior partido da oposição, acrescentando que Cabo Verde tem de ter um "Governo muito activo na sua política externa e que desenvolva um diálogo muito forte com o Governo dos Estados Unidos da América e que reforce as relações bilaterais entre os dois países, com vista a beneficiar a nossa comunidade emigrada nos EUA".
"É papel do Estado de Cabo Verde desenvolver acções, pela via diplomática, que visem proteger a nossa comunidade e garantir a protecção de todos os cidadãos individualmente", indicou Rui Semedo, para quem o executivo de Ulisses Correia e Silva deve estabelecer negociações com o Governo dos EUA, em ordem a encontrar "mecanismos que garantam a protecção dos cabo-verdianos neste país".
Saída dos EUA da OMS
Outro tema comentado pelos dois líderes partidários foi o da saída dos EUA da OMS.
Rui Semedo entende que qualquer perspectiva no sentido de fragilizar organizações internacionais, como a OMS, é "preocupante", porque, justificou, os estados, principalmente os mais frágeis, como é o caso de Cabo Verde, precisam destas organizações.
"A OMS tem cumprido um papel importante a nível mundial e a nível dos países menos desenvolvidos, funcionando como um espaço, digamos, de seguimento das políticas e dos fenómenos sanitários que vão acontecendo", reconheceu o presidente do PAICV.
João Santos Luís não tem dúvidas de que esta situação, a concretizar-se, afectará Cabo Verde, um país que tem uma "parceria invejável" com todos os seus parceiros internacionais, nomeadamente a Organização Mundial da Saúde.
Na sua perspectiva, o novo Presidente dos Estados Unidos deverá reconsiderar os anúncios que fez e tomar "medidas certas", porque, salientou, "são medidas muito preocupantes para o mundo".
Saída do Acordo de Paris
Para o presidente da UCID, a saída dos EUA do Acordo de Paris, que visa atenuar os efeitos negativos das alterações climáticas, terá consequências para Cabo Verde.
líder da UCID afirmou que a medida do Trump preocupa qualquer cidadão ou político que acompanha as dinâmicas mundiais e as políticas que vêm sendo implementadas com vista a melhorar a qualidade de vida do planeta.
Ainda no que tange ao Acordo de Paris, Santos Luís é peremptório ao afirmar que a retirada dos EUA "prejudicará grandemente Cabo Verde".
Segundo Rui Semedo, a retirada dos EUA do Acordo de Paris também inquieta o seu partido, uma vez que, disse, o impacto ambiental em Cabo Verde é "brutal".
"O aquecimento global é já uma ameaça cada vez mais real, pelo que os países devem manter a sua preocupação no que tange às questões ambientais e à agenda para se proteger o planeta das ameaças iminentes", admitiu o líder do PAICV.