Na intervenção inicial do debate com o primeiro-ministro, sobre "Saúde e Desenvolvimento", a deputada do PAICV, Josina Fortes, expressou contentamento com a obtenção do certificado de país livre de paludismo. Contudo, observou que as conquistas poderiam ser ampliadas se o governo aplicasse igual perspicácia para resolver questões pendentes em outras áreas do setor, apontando uma lista de pendências.
Entre as pendências, o PAICV apontou o caso do Centro Ambulatorial do Hospital Batista de Sousa (HBS), que, segundo Josina Fortes, "por incompetência ou desinteresse", encontra-se parado há mais de um ano, diante do silêncio ensurdecedor do governo. O PAICV acusa ainda que o mesmo se observa em relação aos Centros de Saúde de Palmeira, no Sal, Achada Monte São Miguel, do Monte Sossego em São Vicente, Ribeira das Patas, da Santa Catarina do Fogo.
"Eu acho que o senhor esteve a ler o discurso que fez no Estado da Nação de 2021. Disse exatamente igual. A lista das falhas nos compromissos do governo nesse setor é gigante. E, no entanto, o senhor ministro vem aqui afirmar que o sistema de saúde está mais forte. E aqui gostaríamos de lhe perguntar em quais dados o senhor se baseou para fazer tal afirmação? Visto que os últimos dados divulgados são de 2020, ou seja, nacional de tratamento psiquiátrico não faz nem produz dados. O senhor Ministro acredita realmente que os cabo-verdianos estão satisfeitos com o sistema de saúde?", indagou.
Na lista das pendências, o PAICV sublinhou que "o HBS continua a aguardar o milagroso" aparelho de TAC que estava para chegar em janeiro de 2021, passou para janeiro de 2022, 2023, 2024... o mesmo em relação ao aparelho de RX".
Josina Fortes informou ainda que o HBS está sem cobertura de muitas especialidades médicas e para agravar, no momento, a unidade de saúde está a funcionar com menos oito médicos, por baixa médica.
"Como é que o senhor primeiro-ministro desta nação explica que apenas aos enfermeiros (âmbito da Covid-19) do Hospital Agostinho Neto receberam o pagamento das horas extras e os nas restantes ilhas não receberam pelo mesmo trabalho prestado. Mas ainda há mais, esse governo despediu, mandou para casa uma média de 500 enfermeiros, para depois vir dizer que vai contratar 500 profissionais da saúde, (se não fosse um assunto sério, seria cômico)".
Relativamente ao enquadramento dos Médicos Especialistas, Josina Fortes diz que alguns já receberam uma tranche do valor, mas sem nomeação oficial no Boletim Oficial, e pagaram apenas a diferença salarial, ficando por pagar os ajustes das remunerações acessórias. O descanso semanal dos enfermeiros, acordado para se iniciar no dia 1 de janeiro, a deputada do PAICV sublinhou que ainda não foi cumprido em nenhuma estrutura de saúde.
"É um governo que promete e não faz, assume e não cumpre. Os serventes recebem um valor abaixo do estipulado na Função Pública, pois o Ministério da Saúde lhes paga na base de uma portaria revogada e perante esta gravidade gostaríamos de ouvir a sua explicação".
O PAICV questionou ainda o Governo em relação à saúde mental, visto haver falhas em relação à medicação.
"Estamos a utilizar para a saúde mental medicamentos que já foram excluídos de muitos países por mostrarem ser ineficientes e alguns trazendo outros tipos de problemas. Gostaríamos de saber o que tem a dizer visto que anunciou que tem uma cobertura nacional de tratamento psiquiátrico (...) Primeiro Ministro este Governo tem falhado e o pior é que não tem assumido as falhas".