A reacção foi manifesta à Inforpress pelo presidente do partido, Rui Semedo, considerando “lacónico” o comunicado divulgado pelo Governo que deveria, no seu entender, ser convicto na garantia de que o País não será utilizado para este drama humanitário universal.
Para o maior partido da oposição, Cabo Verde deve posicionar-se de forma clara, asseverando que esta medida “paliativa” não resolve o fenómeno da imigração, muitas vezes provocado pela desigualdade, injustiça, crises, instabilidade, pobreza e falta de medidas e política para o desenvolvimento.
“Quando as pessoas chegam em terra firme, a acção deveria ser de solidariedade, protecção, acção de amparo. E achamos que os países que têm recursos suficientes deviam contribuir numa solidariedade internacional para ajudar na integração de pessoas e famílias, encontrar resposta para uma vida melhor” defendeu, considerando “imoral” a atitude de expulsar os imigrantes.
A saída deverá ser a aposta no investimento e na criação de condições de vida para evitar a aventura e o risco de deixar o País de origem, por um lado, e por outro, repensar o mundo globalizado “que não tem lugar” para acolher pessoas com dificuldades, disse Rui Semedo.
Conforme sublinhou, Cabo Verde, em nome da dignidade, “moral, solidariedade” e dos princípios que regem o respeito aos direitos do homem e a valorização da justiça e inclusão, não pode colaborar com o Governo Britânico e receber a quantia para acolher esses imigrantes.
Em comunicado, o Governo esclareceu na terça-feira, 16, que nunca foi abordado com Cabo Verde a negociação para acolhimento de imigrantes ilegais provenientes do Reino Unido e que não aceitaria encetar qualquer negócio nesse sentido.
O jornal diário britânico “The Times” avançou que também na terça-feira, que Angola e Cabo Verde estarão numa lista de países que o Governo britânico admite abordar para receberem imigrantes ilegais do Reino Unido, tal como negociou com Ruanda.
A informação, não oficial, foi confirmada pela “BBC”.
Segundo o diário, o Governo britânico estará também a explorar outras apostas como o Senegal, Tanzânia, Togo e Serra Leoa.
A falta de meios e estruturas locais, escassas relações diplomáticas e potencial oposição da opinião pública são alguns obstáculos identificados. A Guiné-Bissau foi rejeitada devido à instabilidade política, enquanto Marrocos, Tunísia, Namíbia e a Gâmbia terão rejeitado explicitamente negociações sobre esta matéria.
Recordando que as autoridades ruandesas aceitaram receber centenas de requerentes de asilo nos próximos cinco anos em troca de cerca de 400 milhões de libras.