PAICV questiona gestão dos transportes aéreos e MpD diz que a situação é melhor do que a encontrada em 2016

PorSheilla Ribeiro, Inforpress,21 mai 2024 10:59

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O PAICV questionou hoje a capacidade do actual Governo em resolver os problemas dos transportes aéreos interilhas e internacionais assegurados pelos TACV nos dois anos de mandato restantes. Já o MpD reconheceu que ainda há desafios a superar, mas acredita que o sistema de transportes em Cabo Verde é superior ao que foi encontrado em 2016. UCID diz que sector do turismo está “estagnado”.

Declarações feitas hoje durante o debate parlamentar com o ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos.

Segundo Démis Almeida, o cenário dos transportes aéreos interilhas é de "caos", com as ligações aéreas asseguradas por duas aeronaves alugadas em regime de wet leasing, um arranjo que implica enormes custos adicionais devido ao aluguer de aviões com tripulação completa, incluindo pilotos e assistentes de bordo estrangeiros, manutenção mecânica e seguros.

"Estamos a pagar a preço de ouro por um serviço de má qualidade, que não serve os cabo-verdianos", afirmou o deputado, ressaltando os frequentes cancelamentos de voos, atrasos significativos e passageiros retidos nas diferentes ilhas. Almeida sublinhou que esses altos custos estão a ser cobertos pelos impostos dos cabo-verdianos, sem a contrapartida de um serviço eficiente.

O vice-presidente do grupo parlamentar do PAICV também questionou a transparência do governo relativamente aos contratos de wet leasing.

"Esperamos, sr. Ministro, que, neste debate, mostre respeito por este Parlamento diante do qual o Governo é responsável, e que diga aos cabo-verdianos e aos Deputados da nação qual o custo destes contratos de wet leasing, se disponibilize para distribuí-los imediatamente, e nos informe também até quando estes dispendiosos contratos irão vigorar", declarou.

Na sua intervenção, Démis Almeida lembrou que o Primeiro-ministro havia admitido que os transportes aéreos, tanto interilhas quanto internacionais, representavam um problema para o país e para a diáspora e que garantiu que medidas assertivas estão a ser tomadas para estabilizar o sector até o final do ano.

"Como é evidente, ninguém acredita num Primeiro-ministro e num Governo que em 8 anos contribuíram para criar e agravar continua e progressivamente os problemas dos transportes aéreos interilhas e internacionais assegurados pelos TACV, tenham força anímica para resolver estes mesmos problemas nos dois anos de mandato restantes", criticou.

O vice-presidente do PAICV também abordou a promessa do governo de criar uma empresa pública, independente dos TACV, para gerir os transportes aéreos interilhas. Nesse sentido, lembrou que esta proposta já havia sido recomendada por estudos anteriores, mas nunca foi concretizada.

"O sr. Ministro do Turismo afirmou que a empresa estará operacional até ao verão, e sr. Primeiro-Ministro declarou que até o final do presente ano civil o sector dos transportes aéreos estará estabilizado. Mas, para além destas declarações redondas, não existe nada de palpável", considerou.

O PAICV questionou ainda sobre o futuro da TICV/Bestfly, na qual o governo detém uma participação de 30% e sobre o futuro dos seus trabalhadores e as garantias para as agências de viagens que já estão a enfrentar prejuízos.

MpD

"Diante desse cenário caótico, o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva tomou medidas ousadas para reestruturar e organizar o sector de transportes, visando garantir segurança, eficiência e qualidade na circulação de pessoas e bens. Entre as ações implementadas, destaca-se a reestruturação dos TACV, a concessão dos transportes marítimos e investimentos robustos em infraestruturas, como a modernização dos portos e a expansão da rede rodoviária", disse a vice-presidente do grupo parlamentar do MpD, Isa Miranda.

O MpD acredita que embora ainda haja desafios a superar, o sistema de transportes em Cabo Verde é muito superior ao que foi encontrado em 2016.

“A TACV, agora equipada com dois aviões, está comprometida em servir os cabo-verdianos e a diáspora com rotas estratégicas na Europa e, em breve, nas Américas. A conectividade aérea interilhas foi restabelecida, com a TACV transportando um número crescente de passageiros e implementando uma nova política tarifária que beneficia idosos, estudantes e famílias numerosas”, referiu.

No sector marítimo, Isa Miranda diz que a concessionária CV InterIlhas tem assegurado ligações diárias entre as ilhas, promovendo a unificação do mercado nacional.

Os resultados, segundo o MpD, são evidentes, citando que em 2023, as três principais empresas do sector de transportes registaram um aumento de 55,5% no volume de negócios no primeiro semestre.

Isa Miranda destacou a melhoria na comunicação institucional, a iniciativa de introdução de melhorias nos sistemas informáticos de distribuição e integrações e a formação dos colaboradores do sector de aviação.

"O Grupo Parlamentar do MpD reafirma o seu comprometimento em colaborar estreitamente com o Governo liderado por Ulisses Correia e Silva, Governo este que tem demonstrado um compromisso inabalável com a melhoria do sistema de transportes, a promoção de um ambiente empresarial mais favorável e competitivo, e a criação de oportunidades de expansão para os negócios em Cabo Verde”, comprometeu-se.

Já a UCID defendeu que o sector do turismo está “estagnado” em termos de contribuição para riqueza nacional e que apenas contabiliza “números frios”, sem impacto nos trabalhadores que ainda auferem salário baixos.

Durante a sua intervenção no parlamento, no decorrer do debate nesta primeira sessão do mês de Maio com o ministro do Turismo e Transporte, a pedido do PAICV, o presidente do partido, João Santos Luís, elucidou que o sector turístico não tem promovido a diversidade da oferta, com enfoque nas ilhas do Sal e Boa Vista, e que “continua estagnado” em termos de contribuição para a economia nacional.

Segundo o mesmo, no sector do turismo os responsáveis só contabilizam “números frios”, visto que os trabalhadores passam por maus momentos com condições de trabalho precárias e um salário baixo.

Relativamente ao sector dos transportes, João Santos Luís considereu que as companhias continuam “sem norte” e “sem resultados palpáveis” aos cabo-verdianos, “travando” o desenvolvimento do turismo a nível nacional e funcionando “sem articulação” com os demais sectores.

“Esperamos que este debate seja esclarecedor para que o ministro possa esclarecer aos cabo-verdianos o que tem na pasta para o turismo e os transportes, nós os deputados da UCID ainda não vimos absolutamente nada” declarou o líder dos democratas cabo-verdianos.

O presidente da UCID evidenciou ainda que o sector dos transportes não tem conseguido resolver os constrangimentos impostos aos emigrantes nos Estados Unidos da América e que “não está em consonância” com o sector económico das ilhas.

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Autoria:Sheilla Ribeiro, Inforpress,21 mai 2024 10:59

Editado porAndre Amaral  em  20 nov 2024 23:25

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