"Podemos concluir que este é um orçamento sobretudo de confissão. Confessa a sua veia eleitoralista, repetindo promessas feitas desde 2016, mas agora de forma enfraquecida", alegou.
A deputada do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que fazia a sua intervenção no final do debate, na generalidade, do Orçamento do Estado para 2025, criticou o aumento das despesas públicas que, segundo ela, atingem o valor de mais de 97 milhões de contos, com um aumento de 14% em relação ao ano anterior.
Em relação ao crescimento económico, a deputada questionou as previsões do Governo, que apontam para um crescimento de 5,3% no pico, enquanto o compromisso de crescimento anual de 7%, assumido em campanhas anteriores, não foi cumprido.
"A meta deste Governo era a criação de 45 mil empregos. Mas, em vez disso, foram destruídos 20 mil postos de trabalho, e hoje temos cerca de 46 mil pessoas fora do mercado de trabalho, sendo 27 mil delas desesperançadas", lamentou.
No sector da habitação, a parlamentar acusou o Governo de desvalorizar o programa Casa para Todos e de não apresentar soluções concretas para o “deficit” habitacional no país.
"Hoje, o Governo contenta-se em entregar apenas 400 casas por ano, sem uma estratégia clara e sem um programa estruturado", afirmou.
Janira Hopffer Almada afirmou que o Governo abandonou projectos de infra-estruturas essenciais, como aeroportos e portos, e acusou a gestão actual de não compreender a importância de um planeamento estratégico a longo prazo para o desenvolvimento do país.
A parlamentar também se debruçou sobre a política de saúde, apontando a falta de recursos, medicamentos e condições adequadas de trabalho nos hospitais e centros de saúde, o que, segundo ela, tem gerado insatisfação entre os profissionais do sector.
"Este Governo não deixa marcas no sector da saúde e a situação é de caos, com uma população cada vez mais insatisfeita com os serviços prestados", afirmou.
A deputada do PAICV também questionou as promessas de transição energética e digital, alertando para a redução das metas de energia renovável e a drástica diminuição dos investimentos na economia digital que, segundo ela, são incompatíveis com o desenvolvimento do país.
"Este é um Governo que falha nas reformas necessárias, que despreza as necessidades do povo cabo-verdiano e que continua a desviar-se dos compromissos assumidos com a nação", apontou.