Afirmações feitas hoje durante o debate “O presente e o futuro da economia cabo-verdiana: estratégias de crescimento sustentável e inovação”.
Na sua intervenção, Janira Hopffer Almada acusou o Governo de centralizar o poder, desperdiçar recursos públicos e falhar na resolução de problemas básicos da população.
“Vigora o quero, posso e mando, com o dinheiro dos cabo-verdianos a ser desbaratado em paródias, fóruns e palestras, enquanto na saúde muitos doentes padecem à míngua e famílias inteiras enfrentam dificuldades até para comer”, afirmou a deputada do PAICV.
Janira Hopffer Almada considerou ainda que “não há um único sector nesta governação em que se possa fazer uma avaliação positiva”, sublinhando que a alegada falta de visão estratégica e a ausência de medidas estruturantes estão a prejudicar o país.
“Veja-se o que aconteceu na dita inauguração do terminal de cruzeiros em São Vicente, em que a embarcação fugiu da encenação montada”, ironizou.
A deputada referiu que o Executivo continua a justificar os seus insucessos com a pandemia da COVID-19, as secas e a guerra na Ucrânia, mas que a situação já era má antes da pandemia, tendo-se tornado depois dela desastrosa.
“Este governo fez maus negócios […] e agora, ao fim de nove anos, estamos a pagar por mais serviços, por serviços piores, seja em qualidade, seja em disponibilidade”, acusou.
MpD
Durante a sua intervenção, o deputado do MpD Paulo Veiga defendeu que o país sabe exactamente qual o seu rumo ”e está a aplicar as melhores práticas internacionais à realidade cabo-verdiana, com “ambição e rigor”.
“Atravessamos um período de crescimento económico sem precedentes, resultado do trabalho sério, de políticas consistentes e da dedicação de todo um povo”, disse.
Para o deputado do partido que sustenta o Governo, os resultados já são visíveis na vida dos cidadãos. “Há mais empregos, menos pobreza extrema e melhores condições de vida, graças a políticas públicas que favorecem a inclusão, a sustentabilidade e a inovação.”
Paulo Veiga apontou ainda que o Orçamento do Estado para 2025, aprovado pelo grupo parlamentar do MpD, reflecte este compromisso, prevendo um aumento de 14% face a 2024.
Entretanto, alertou para os desafios globais, como as guerras, a instabilidade política e o aumento dos preços, frisando que Cabo Verde tem de se manter vigilante e resiliente.
Para Paulo Veiga, o MpD e o Governo estão comprometidos com um país mais justo, inclusivo, inovador e sustentável. “Com visão clara e passos firmes, o país tornar-se-á um exemplo verde, azul, digital e justo, um verdadeiro farol para o Atlântico e para o mundo”, assegurou.
UCID
Já a deputada da UCID, Zilda Oliveira defendeu que após quase 10 anos no poder, a um ano das próximas eleições, é tempo de balanço e de avaliar o impacto das estratégias de crescimento sustentável e inovação implementadas pelo actual Governo. Zilda Oliveira elencou várias áreas críticas que, segundo disse, necessitam de uma análise aprofundada.
“É tempo de avaliar a estratégia de transição energética, a estratégia de água para a agricultura, a estratégia das pescas, a estratégia de preservação da biodiversidade, a estratégia de emprego, de transporte, de educação e formação de excelência, de saúde, de qualidade, etc.”, detalhou.
A deputada citou o mais recente relatório do Banco Mundial, que aponta para uma previsão de crescimento económico de 5,9% em 2025. No entanto, alertou que o mesmo documento também sublinha a existência de riscos, tanto externos como internos, que poderão ameaçar a estabilidade económica do país.
A UCID sublinhou ainda a importância de aproveitar melhor as potencialidades do país, num contexto internacional cada vez mais volátil.
“Na actual conjuntura geopolítica e comercial global, marcada por tensões entre grandes potências, riscos nas cadeias de abastecimento, transição energética, mudanças climáticas e avanços tecnológicos acelerados, um país insular e de pequena dimensão como Cabo Verde precisa de uma estratégia de crescimento sustentável e inovação cuidadosamente alinhada com uma inserção global inteligente e diplomacia económica”.
“Era o que se esperava do Governo desde 2016. A pergunta que fica é se ainda vai a tempo de cumprir esta importante estratégia para o futuro da economia cabo-verdiana”, disse.