A deputada Carla Lima afirmou que nos últimos tempos se têm registado “assaltos violentos” às residências, provocando nas pessoas o medo de saírem à noite ou de permitir que as suas crianças brinquem na rua.
A parlamentar eleita nas listas do PAICV fez essas considerações durante a declaração política que apresentou em nome da sua bancada.
A segurança pública em Cabo Verde, afirmou a deputada, é um “tema de profunda preocupação nacional”, sendo um assunto que afecta directamente o bem-estar e a qualidade dos cidadãos.
“Apesar das tentativas constantes do governo de mostrar um cenário positivo, a realidade que enfrentamos diariamente nas nossas cidades, vilas e bairros é completamente diferente dos dados oficiais que o governo insiste em propalar”, indicou Carla Lima.
Acrescentou que existe uma “contradição preocupante” entre os dados apresentados pela Polícia Nacional, em 2024, segundo os quais se registou “pouco mais de 20 mil ocorrências”, enquanto o Ministério Público “assinalou, no seu relatório anual, a movimentação de 90.031 processos, um crescimento de 4,3 por cento (%) em relação ao ano anterior”.
“Estamos também a falar da entrada de 32.239 novos processos crimes, representando um aumento de 18,5%”, assinalou a deputada.
Nessa declaração política, Carla Lima foi secundada pelo seu colega de bancada João do Carmo, que destacou a recente manifestação dos mindelenses, “unidos pela revolta diante do clima de medo perpetrado por roubos, assaltos, vandalismo e o avanço descarado do tráfico e consumo de drogas”.
A moldura humana, sublinhou João do Carmo, “reflectia não apenas a saturação, mas também a determinação de uma população que exige respostas urgentes e eficazes das autoridades policiais, judiciais e políticas”.
“O contexto é alarmante. A ilha outrora conhecida por sua tranquilidade e beleza cultural vê-se progressivamente descaracterizada pela escalada da criminalidade associada ao tráfico de drogas e lavagem de capitais que dela deriva”, apontou o deputado.
Por sua vez, o líder do grupo parlamentar do Movimento para a Democracia, Celso Ribeiro, questionou a razão da declaração política do maior partido da oposição.
“Para nós, a segurança deve ser um assunto que deve unir todos os cabo-verdianos, particularmente nós os deputados”, declarou Celso Ribeiro, apelando ao não uso de “casos pontuais para tentar alarmar a sociedade e a população cabo-verdiana”.
Reconheceu, porém, que, pontualmente, tem havido “sinais de insegurança, como sempre em todo o mundo e em toda a história da governação de Cabo Verde”.
“O síndrome da abstinência do poder tem como sintonia mais aguda a irresponsabilidade”, acusou o líder do grupo parlamentar do MpD, avançando que em 2015 [tempo da governação do PAICV] “a taxa de criminalidade era de 8.9% e, hoje, 6,1%”.
Por sua vez, o deputado da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID-oposição), António Monteiro, congratulou-se com o trabalho que a Polícia Nacional vem fazendo nos últimos dias em São Vicente, o que segundo ele, significa que algo “não estava bem”.
“O que não está bem é a segurança. Independentemente dos dados que se apresenta e da percepção que cada um de nós possa ter, a verdade é que a criminalidade está presente”, apontou António Monteiro, para quem é “importante” que o governo e a sociedade civil de uma forma geral “tomem consciência disso e ajam em consequência”.
“Caberá sempre ao governo essa responsabilidade maior de garantir a estabilidade emocional e a segurança a todos os cidadãos cabo-verdianos, de Santo Antão a Brava”, concluiu.