​Recrutamento de mão-de-obra estrangeira divide partidos da oposição

António Monteiro e Marco Modesto Leite
António Monteiro e Marco Modesto Leite

A proposta de recrutar mão-de-obra estrangeira para sectores estratégicos da economia divide opiniões entre os partidos da oposição. Posições expressas na noite de segunda-feira, durante o programa “Plenário” da Rádio Morabeza.

Durante o debate, o PAICV argumentou que o país não está preparado para acolher trabalhadores de fora. Já a UCID defendeu o recrutamento de profissionais da CEDEAO, mediante a criação de condições internas adequadas.

Para António Monteiro, é preciso dar resposta a um problema real e urgente.

“Nós já estamos a sentir na pele a falta de mão-de-obra. E temos duas opções: ou temos um governo capaz de injectar, através da fiscalidade, dinheiro nas empresas para que estas tenham condições de pagar um salário que retenha os nossos profissionais aqui em Cabo Verde, ou, se não tivermos essa possibilidade, temos que abrir a porta, que já está semiaberta, para que o país receba profissionais de outras latitudes, nomeadamente da CEDEAO”, defende.

A UCID alerta para uma possível estagnação económica caso a situação não seja resolvida com celeridade.

“Nós não temos que ter este receio de atrair esta mão-de-obra porque alguns deles são qualificados e são bons profissionais. Agora, o país tem de se preparar porque, se não, o risco que corremos é travar a economia do país. Não tendo capacidade de resposta em termos de pedreiros, carpinteiros, condutores profissionais e trabalhadores do sector turístico, vamos ter muitos problemas”, nota.

A possibilidade de recrutar mão-de-obra estrangeira para colmatar a escassez no país foi levantada pelo ministro Fernando Elísio Freire em Abril. Para Marco Modesto Leite, do PAICV, trata-se de uma solução imediatista para a qual Cabo Verde não está preparado.

“Na minha perspectiva, o país não está preparado, neste momento, para receber mão de obra em massa de países terceiros. Eu sou absolutamente a favor da circulação das pessoas no mundo global como é o que nós vivemos. Mas se nós apontarmos esse caminho, estaremos meramente a colocar um penso rápido neste problema que vai, muito brevemente, criar-nos um problema muito maior, porque vamos estar a atrair pessoas que vêm para ficarem numa condição de precariedade muito maior do que as pessoas que cá estão, porque depois coloca-se uma questão de rede familiar, coloca-se uma questão de habitação, coloca-se aqui um conjunto de questões de integração que noutras realidades já fomos percebendo que os países que optaram para essa opção de uma solução imediata de tipo penso rápido, depois tiveram consequências danosas”, entende.

O representante do PAICV defende medidas estruturantes.

“Por exemplo, revisitarmos o nosso quadro legislativo laboral para que, efectivamente, os empregadores estejam numa situação de não poderem utilizar os contratos a termo como regra. Ou seja, permitir que efectivamente se consagre esta ideia de que, tirando as situações excepcionais, o trabalhador deve ter uma estabilidade contratual”, sugere.

Tanto o PAICV como a UCID reconhecem a escassez de mão-de-obra e apontam os baixos salários e a precariedade laboral como as principais causas do problema, factores que têm igualmente contribuído para a emigração de cabo-verdianos. O MpD faltou ao debate.

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Autoria:Rádio Morabeza, Plenário, MpD, PAICV, UCID,20 mai 2025 11:08

Editado porAndre Amaral  em  21 mai 2025 23:31

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