Posições expressas na noite desta segunda-feira, durante o "Plenário", programa de debate político da Rádio Morabeza, onde esteve em debate a sustentabilidade do ensino superior
O MpD esteve representado por Flávio Lima.
“O primeiro passo para a sustentabilidade é valorizar aquilo que é nosso. O Estado não pode dar uma bolsa de estudo para uma pessoa ir estudar, fazer um curso superior, digamos, de serviço social, nas Canárias, se você tem um curso aqui em Cabo Verde. Primeiro, era nós termos essa consciência de valorizar aquilo que é nosso. Os nossos alunos, depois de fazerem a licenciatura aqui, podem ir fazer mestrado e doutoramento fora e regressam, já tem um meio de comparação do que é que podem trazer de bom para o nosso sistema de ensino superior. É assim que nós vamos consolidar o nosso sistema”, entende.
Nilton Silva, do PAICV, reforça a necessidade de valorizar as formações oferecidas no país, porque as universidades públicas e privadas têm qualidade reconhecida. No entanto, defende que cabe ao Estado apoiar as escolhas dos estudantes.
“Estamos num país democrático, cada um deve ser livre de escolher onde é que ele quer fazer o seu curso. Cabe também ao Estado apoiar lá onde ele tem essa possibilidade. Por exemplo, ainda há cursos que nós não temos aqui. É verdade que eu sou apologista de que os cursos de licenciatura que temos em Cabo Verde, devemos estudar aqui. Agora, o desincentivar é que é uma atitude perigosa. E eu agora entendi. Já entendi porque as bolsas para fora diminuíram. Estou a entender porque é que as bolsas diminuíram em número e o mentando é o mesmo de há mais de 20 anos”, diz.
Já a UCID considera preocupante a sustentabilidade do ensino superior no país. Dora Pires defende a diversificação das fontes de financiamento, com uma aposta clara na investigação científica…
Em relação às bolsas para formação de base fora do país, acusa as Câmaras Municipais e o Governo de promoverem uma concorrência contra as instituições nacionais.
“É notável que o Governo e as câmaras municipais são concorrentes das universidades, quer pública, quer privada em Cabo Verde. É uma preocupação porque há uma estatística, e eu não sou muito boa em números, eu não gosto mesmo de memorizar números, cerca de 15 mil estudantes que saíram para fora, nem 3 mil se formou. Cada um estuda onde quer, se pode ir, que vá. Se há condições, perfeitamente. Mas o governo não pode dar vaga e bolsa para cursos que nós temos aqui em Cabo Verde”, considera.
Durante o debate, o MpD, o PAICV e a UCID defenderam ser urgente repensar o modelo de apoio, de modo a garantir uma utilização mais racional dos recursos públicos, promover o ensino superior nacional e reforçar a sua qualidade e atractividade.
Recorda-se que está em curso um estudo, promovido pelo Ministério da Educação e financiado pelo Banco Mundial, para propor um novo modelo de financiamento do ensino superior mais justo e sustentável.