“Precisamos de conseguir uma melhor integração das políticas, em diversos sectores, sob pena de limitarmos o potencial destas mesmas políticas. Falo, por exemplo, das políticas de habitação (...) É hora de apostarmos seriamente em políticas de Estado e não de governos, de fazermos Pactos de Estado, com acordos amplos e de longo alcance entre as diferentes forças políticas, para abordarmos temas cruciais para o país, ou desafios complexos, em áreas como a economia, a educação, a saúde, a segurança e os transportes”, afirma.
No sector da educação, os democrata-cristãos entendem que a reforma em curso, orientada para a aproximação aos padrões da OCDE, “carece de profundidade” e deve ser acompanhada por mudanças estruturais na prática pedagógica, maior autonomia das escolas e um reforço significativo nos recursos humanos e materiais.
Na saúde, embora reconheça avanços nos cuidados primários e na redução das evacuações para o exterior, o partido alerta para a falta de investimento na saúde mental e para a necessidade de humanização do atendimento, defendendo ainda uma descentralização efectiva dos serviços.
No que diz respeito à segurança, a UCID mostra-se preocupada com a diferença entre os dados oficiais e a percepção da população, e alerta para problemas persistentes como a violência baseada no género, o abuso sexual e o aumento do consumo de drogas entre os jovens.
No domínio dos transportes, critica “a irregularidade” das ligações inter-ilhas, com consequências negativas para a coesão territorial, e propõe a diversificação dos operadores e investimentos em soluções mais sustentáveis e eficientes.
A parlamentar sublinha que, em termos socioeconómicos, apesar do crescimento económico de 7,3% em 2024, o país continua marcado pela pobreza e pelo desemprego jovem.
“A pobreza, o défice habitacional qualitativo, bem como as dificuldades no acesso à água canalizada, à electricidade e ao saneamento básico, ainda conformam a realidade de muitas famílias. As desigualdades sociais e as assimetrias regionais persistem. A taxa de desemprego caiu para 8%, mas o subemprego e a informalidade ainda são um desafio. Apesar de sermos um país essencialmente jovem, a nossa juventude é o grupo que regista a maior exclusão do campo de trabalho formal: os jovens são os mais afectados pelo desemprego e pela pobreza, os que mais sofrem com a exploração laboral, sendo que milhares dos nossos jovens têm de recorrer a trabalhos informais e precários para poderem suprir as suas necessidades económicas — o que talvez explique a elevada emigração jovem que o país tem registado e que já começa a ter o seu impacto em diversos sectores da economia”, adverte.
Noutra frente, a UCID considera que o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde exige um reforço estrutural das bases económicas nacionais, com especial atenção ao fortalecimento do sector privado.
“A dependência do turismo, sector altamente vulnerável a choques externos, exige uma reflexão profunda sobre a diversificação da economia, como temos defendido, com maior aposta no sector primário. O sector privado continua a ser o maior empregador em Cabo Verde, constituindo-se numa das bases estruturantes da nossa economia. Entretanto, observa-se uma fragilidade persistente no tecido empresarial privado e um elevado custo de contexto, que impactam de forma negativa as actividades desenvolvidas pelo sector”, refere.
A UCID apela a um debate centrado em soluções e propostas para um Cabo Verde mais justo e sustentável e que “não ignore as fragilidades e os obstáculos que ainda persistem”.