UCID defende “ruptura” com políticas de curto prazo e pede pacto de Estado

PorLourdes Fortes, Rádio Morabeza,28 jul 2025 15:06

​A UCID defende que o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde exige a ruptura com ciclos de políticas de curto prazo e apela à aposta em políticas de Estado e pactos de longo alcance entre todas as forças políticas. Posição expressa hoje, em conferência de imprensa, pela deputada Zilda Oliveira, numa antevisão do debate do Estado da Nação, que acontece esta semana no Parlamento.

“Precisamos de conseguir uma melhor integração das políticas, em diversos sectores, sob pena de limitarmos o potencial destas mesmas políticas. Falo, por exemplo, das políticas de habitação (...) É hora de apostarmos seriamente em políticas de Estado e não de governos, de fazermos Pactos de Estado, com acordos amplos e de longo alcance entre as diferentes forças políticas, para abordarmos temas cruciais para o país, ou desafios complexos, em áreas como a economia, a educação, a saúde, a segurança e os transportes”, afirma.

No sector da educação, os democrata-cristãos entendem que a reforma em curso, orientada para a aproximação aos padrões da OCDE, “carece de profundidade” e deve ser acompanhada por mudanças estruturais na prática pedagógica, maior autonomia das escolas e um reforço significativo nos recursos humanos e materiais.

Na saúde, embora reconheça avanços nos cuidados primários e na redução das evacuações para o exterior, o partido alerta para a falta de investimento na saúde mental e para a necessidade de humanização do atendimento, defendendo ainda uma descentralização efectiva dos serviços.

No que diz respeito à segurança, a UCID mostra-se preocupada com a diferença entre os dados oficiais e a percepção da população, e alerta para problemas persistentes como a violência baseada no género, o abuso sexual e o aumento do consumo de drogas entre os jovens.

No domínio dos transportes, critica “a irregularidade” das ligações inter-ilhas, com consequências negativas para a coesão territorial, e propõe a diversificação dos operadores e investimentos em soluções mais sustentáveis e eficientes.

A parlamentar sublinha que, em termos socioeconómicos, apesar do crescimento económico de 7,3% em 2024, o país continua marcado pela pobreza e pelo desemprego jovem.

“A pobreza, o défice habitacional qualitativo, bem como as dificuldades no acesso à água canalizada, à electricidade e ao saneamento básico, ainda conformam a realidade de muitas famílias. As desigualdades sociais e as assimetrias regionais persistem. A taxa de desemprego caiu para 8%, mas o subemprego e a informalidade ainda são um desafio. Apesar de sermos um país essencialmente jovem, a nossa juventude é o grupo que regista a maior exclusão do campo de trabalho formal: os jovens são os mais afectados pelo desemprego e pela pobreza, os que mais sofrem com a exploração laboral, sendo que milhares dos nossos jovens têm de recorrer a trabalhos informais e precários para poderem suprir as suas necessidades económicas — o que talvez explique a elevada emigração jovem que o país tem registado e que já começa a ter o seu impacto em diversos sectores da economia”, adverte.

Noutra frente, a UCID considera que o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde exige um reforço estrutural das bases económicas nacionais, com especial atenção ao fortalecimento do sector privado.

“A dependência do turismo, sector altamente vulnerável a choques externos, exige uma reflexão profunda sobre a diversificação da economia, como temos defendido, com maior aposta no sector primário. O sector privado continua a ser o maior empregador em Cabo Verde, constituindo-se numa das bases estruturantes da nossa economia. Entretanto, observa-se uma fragilidade persistente no tecido empresarial privado e um elevado custo de contexto, que impactam de forma negativa as actividades desenvolvidas pelo sector”, refere.

A UCID apela a um debate centrado em soluções e propostas para um Cabo Verde mais justo e sustentável e que “não ignore as fragilidades e os obstáculos que ainda persistem”.

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Autoria:Lourdes Fortes, Rádio Morabeza,28 jul 2025 15:06

Editado porSara Almeida  em  29 jul 2025 23:22

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