“O país está melhor; com economia a crescer, desemprego a descer e pobreza a descer”, declarou, referindo-se aos dados recentes que apontam para uma evolução positiva do arquipélago, apesar das múltiplas crises enfrentadas nos últimos anos, discursou o Chefe do Governo na abertura do debate sobre o Estado da Nação.
O Primeiro-ministro recordou que entre 2020 e 2022 Cabo Verde enfrentou uma das mais crises sanitárias e económicas desde a Segunda Guerra Mundial, mas conseguiu responder com medidas que considerou eficazes que protegeram os cidadãos e impulsionaram a recuperação económica.
Destacou ainda avanços no combate ao desemprego, cuja taxa geral caiu de 15% em 2016 para 8% em 2024, e entre os jovens de 41% para 20% e apontou a redução da pobreza absoluta de 35,5% em 2015 para 25% em 2023, e da pobreza extrema de 4,5% para 2,3%.
O Chefe do Governo salientou ainda os investimentos em inclusão social, educação e saúde. Relativamente à diáspora, sublinhou as medidas adoptadas para a sua valorização, como a facilitação no envio de remessas, o estatuto do investidor emigrante e o envolvimento de quadros qualificados em setores estratégicos.
PAICV
A deputada do PAICV, Janira Hopffer Almada acusou o Governo de “indiferença” perante a perda de vidas humanas por evacuações médicas tardias, ao “abandono” do mundo rural e ao “desprezo” pelas ilhas que ficam dias sem ligação.
O PAICV acusou o actual executivo de não concretizar promessas estruturantes, citando a ausência de obras como o aeroporto de Santo Antão, os aeroportos do Fogo e do Maio e várias infraestruturas prometidas em São Nicolau, Brava e Santiago.
“Senhor Primeiro-Ministro, que grandes obras, quais das grandes obras que prometeu aos cabo-verdianos o senhor já fez?”, questionou.
Na área dos transportes, criticou a privatização e posterior desprivatização dos TACV, denunciou a falta de reagentes, materiais cirúrgicos, a morosidade nos exames e a preocupação da população em aceder aos cuidados. Na educação, apontou a revisão curricular como “demonstrativa da falta de visão” do executivo e rejeitou a ideia de ensino gratuito.
MpD
Por sua vez, o líder parlamentar do MpD, Celso Ribeiro, apontou em todos os domínios e traçou um retrato de um país que, segundo defendeu, está mais competitivo e incomparavelmente melhor do que há alguns anos. “Está mais do que evidente de que estamos a cumprir”, sublinhou o deputado.
Celso Ribeiro acusou o anterior governo do PAICV de ter deixado o país “sem rumo estratégico” e com uma “gestão pública sem visão nem resultados concretos”. Em contraste, sustentou que o actual executivo implementou reformas estruturais, melhorou o ambiente de negócios e restaurou o equilíbrio das finanças públicas.
O líder parlamentar do MpD referiu que Cabo Verde cresce acima da média africana, com indicadores que, no seu entender, comprovam os bons resultados.
Celso Ribeiro reconheceu a existência de problemas por resolver, nomeadamente nos transportes interilhas e assegurou que o MpD continuará a trabalhar com responsabilidade, determinação e transparência.
UCID
O presidente da UCID, João Santos Luís, alertou para as “profundas e estruturais” fragilidades que afectam o país e apelou à implementação de reformas culturais e políticas com vista a uma governação “séria, humana e próxima das pessoas”.
CIDPara o partido, Cabo Verde precisa de mais atenção e cuidados. A política de transportes foi apontada como um dos principais entraves ao desenvolvimento e à coesão territorial.
“Contratos desfavoráveis e uma conectividade interilhas deficiente prejudicam seriamente a coesão territorial”, frisou, acrescentando que “viajar dentro do nosso próprio país permanece caro, demorado e imprevisível”.
No sector económico, o líder da UCID considerou que os obstáculos ao empreendedorismo são “inúmeros”, denunciou “crise permanente” na saúde, marcada pela escassez de recursos humanos e materiais, e por unidades de saúde a funcionar e realçou ainda que a política ambiental carece de “medidas drásticas e urgentes”, apontando a persistência de “lixeiras e esgotos a céu aberto” até mesmo em centros urbanos, o que considera ser “uma vergonha nacional”.