Ministro das Finanças desvaloriza revisão em baixa do PIB pelo Banco Mundial

PorExpresso das Ilhas, Lusa,17 out 2025 17:00

O ministro das Finanças, Olavo Correia, desvalorizou hoje a revisão em baixa da previsão de crescimento para este ano feita pelo Banco Mundial, defendendo que os valores estão dentro da margem de uma "variação normal".

Em causa está o relatório Pulsar de África, divulgado na semana passada pelo Banco Mundial, que baixou as perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde em 2025 de 5,9% para 5,4%.

"Nós estamos praticamente a crescer no limite do nosso potencial, entre 5% e 7%. Portanto, está dentro dessa margem, em termos daquilo que nós consideramos hoje que é o potencial de crescimento económico de Cabo Verde: entre 5% e 7%", desvalorizou Olavo Correia.

"Portanto, dentro dessa margem, essa variação é normal. Mas o que nós temos de fazer e estamos a fazer é reformar a economia para que o nosso potencial de crescimento económico possa aumentar", afirmou.

Em entrevista à Lusa, em Washington, à margem das Reuniões Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, Olavo Correia admitiu desafios ao nível dos sectores da energia, conectividades, saneamento, saúde, formação e de atracção de grandes investimentos privados, defendendo a necessidade de reformas estruturais nesses sectores, sob pena de representarem "estrangulamentos ao próprio crescimento económico".

"O que nós estamos a fazer agora é reformas estruturais (...). Nós temos que trabalhar para que a economia cabo-verdiana cresça entre 5% e 7% no curto prazo e depois acelerar as reformas para que o nosso potencial duplique e possamos atingir níveis de crescimento acima dos 10%, entre 10% e 12%", especificou.

O ministro considera que Cabo Verde está a crescer a "um bom nível", "muito acima da África subsaariana" e "do crescimento mundial", mas frisou que esse ritmo ainda é insuficiente para as demandas que o país tem na actualidade.

Questionado pela Lusa sobre a margem de tempo para Cabo Verde atingir um crescimento económico de dois dígitos, o ministro estimou entre dois a três anos, desde que as reformas sejam aceleradas e o país atinja um nível "de serviço de excelência" nos sectores que são cruciais para impulsionar esse crescimento.

Noutra frente, Olavo Correia antevê que em até 10 anos Cabo Verde deixará de ser um país de rendimento médio alto e passará para a ser um de rendimento alto.

Face aos riscos externos a que Cabo Verde está vulnerável, o Governo mantém perspectivas optimistas, embora admita tendência para uma ligeira quebra nas previsões.

"A economia mundial tem-se demonstrado muito resiliente. Aquilo que nós tínhamos previsto há um ano, como as guerras comerciais e as consequências sobre a economia mundial, não está a acontecer. O quadro económico mundial, embora demonstrando alguma retracção, evidencia uma grande capacidade de resiliência. Portanto, nós não temos medo em relação ao futuro", frisou.

Apesar disso, Cabo Verde tem de preservar a sua estabilidade macroeconómica, que é um activo importante para o país, segundo Olavo Correia, que insistiu na necessidade de continuar a trabalhar para que o crescimento económico possa ser muito superior ao nível actual.

O vice-primeiro-ministro defendeu ainda a importância do quadro macroeconómico estável, para o qual contribui "a inflação abaixo de 2%, um défice orçamental entre 0% e 1%, um saldo primário positivo, uma economia a crescer acima dos 5%, reservas internacionais a nível histórico a cobrir mais de oito meses de importação pela primeira vez na história de Cabo Verde, e desemprego a níveis também historicamente baixos".

"Portanto, nós estamos optimistas em relação ao crescimento económico mundial, mas temos trabalho de casa para fazer", disse.

O objectivo passa por criar mais empregos qualificados e com melhor remuneração, para que os cabo-verdianos possam ficar no país de "forma digna".

Sobre a cada vez maior procura por Cabo Verde ao nível turístico, o ministro assumiu um défice ao nível de capacidade de oferta e garantiu que estão a ser procuradas formas de diversificar a economia cabo-verdiana para que seja uma “economia turística, mas também uma economia mais verde, mais azul, mais digital, mais inteligente, mais inclusiva e isso requer reformas".

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,17 out 2025 17:00

Editado porAndre Amaral  em  17 out 2025 23:22

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