Num período difícil que estamos a viver, os artistas cabo-verdianos estão a alegrar as nossas casas com os seus trabalhos. Logo no primeiro dia, os internautas mostraram-se satisfeitos com o festival, que teve centenas de visualizações.
“Várias pessoas nos abordaram através da nossa página do Instagram a dar os parabéns pela iniciativa, o que nos deixa muito feliz e com mais vontade de continuar com o projecto”, disse a organização.
A transmissão live é feita através da conta do Instagram dos próprios artistas e tem a duração de 30 minutos cada.
No primeiro dia o festival teve a actuação de Hilar Silva, Dina Medina, Ceuzany, Né Jah, Vado MKA, Blacka, Gil Semedo, Loony Johnson, Nelson Freitas e Dj Hebraico.
Na segunda-feira actuaram Loreta, Yasmine, Badoxa, Tó Semedo, Myriian, Nissah Barbosa Jorge Almeida, Déu, Remna e Dj Dandy Lisbon.
E na terça-feira, marcaram presença neste festival Wilson Silva, Big Z, Enos David, Jenifer Solidade, Mirri Lobo, Karlon Krioulo, William Araújo, Djocy Santos, Boss AC e Elly Paris.
Ainda esta quarta-feira estará o grupo são-tomense Calema, Gery Mendes, Laise Sanches, Sónia Andrade, Kaku Alves, Nancy Vieira, Hélio Batalha, Eder Xavier, Dynamo e Batchart.
Este festival vai até este sábado, 11, com mais de 70 artistas cabo-verdianos em vários cantos do mundo que aderiram a esta iniciativa para inspirarem a todos a combater e a vencer esta etapa difícil que os cabo-verdianos estão a viver.
Este festival é também uma campanha de angariação de fundos para ajudar os Hospitais em Cabo Verde na luta e prevenção contra a COVID-19. Os valores arrecadados serão utilizados para a compra de materiais e equipamento de protecção contra a COVID-19.
“A campanha tem a duração de um mês. Entretanto, esperamos alcançar o nosso objectivo até o final desta semana. O valor arrecadado será posteriormente entregue ao Ministério da Saúde e Segurança Social, através da Embaixada de Cabo Verde em Portugal, nossa parceira nesta campanha de angariação de fundos”, informa a organização.
Ministério da Cultura lança edital “EnPalcos100Artistas”
Tendo em conta a situação em que estão a viver os artistas e criadores no país, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas lançou esta segunda-feira o edital “EnPalcos100Artistas”. Este programa vai permitir aos nossos artistas residentes divulgarem os seus trabalhos “online” e serem recompensados durante a COVID -19.
Esta iniciativa surge numa altura em que muitos artistas estão a divulgar e a fazer concertos online, gratuitamente. Abraão Vicente avançou que será atribuído um cachê de 10 e 15 mil escudos a esses artistas.
De acordo com o regulamento do programa, será escolhido, de 6 a 12 desde mês, 100 artistas, actuações e performances, nas áreas artísticas como Artes Plásticas, Dança, Música, Teatro, Stand Up Comedy e Slam Poesia /Literatura, que vão ser agregadas numa plataforma e disponibilizadas online de forma gratuita.
No entanto, destaca-se a disponibilização pelo Governo de Cabo Verde, através do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, o montante de dez mil escudos cabo-verdianos para cada actuação/performance.
Caso o artista beneficie de qualquer outra prestação atribuída pelo Estado, durante a vigência das medidas restritivas adotadas no âmbito da pandemia do COVID-19, terá direito apenas a 60% do montante previsto no ponto anterior.
Polémica
Quando na semana passada o Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas anunciou o programa, algumas pessoas, talvez por não perceber a essência da iniciativa, começaram a julgar os artistas. Face a esses julgamentos, alguns artistas como Hélio Batalha, Jenifer Solidade, Cremilda Medina, reagiram nas suas páginas da rede social.
O compositor Adalberto Silva (Betú) escreveu na sua página da rede social que tinha ficado desapontado com a reacção das pessoas. “Confesso que fiquei um pouco desapontado com alguma reacção negativa à anunciada intenção do Governo em apoiar também os artistas neste tempo de crise! Mas sem grande surpresa, pois tenho consciência de que, apesar de sensíveis melhorias, ainda a nossa sociedade não valoriza com justeza o trabalho dos artistas”.
O rapper Hélio Batalha fez um posto na sua página da rede social a questionar, por um lado, se os artistas não sentem fome e se não têm família, e, por outro, a criticar a forma como o Governo pretende ajudar o sector. “Não precisamos fazer show live em troca de 10 ou 15 mil escudos, se querem ajudar os artistas (ser humano) tem que ser sem esse tipo de contrapartida”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 958 de 8 de Abril de 2020.