Em conferência de imprensa, proferida no Ministério da Economia Marítima, em São Vicente, Paulo Veiga referiu que o contrato com a concessionária dos transportes marítimos inter-ilhas, CV Interilhas, “estava muito rígido” a nível da substituição das frotas e do tipo de embarcação previsto.
“E nós chegamos à conclusão que se o Chiquinho BL é um excelente barco para fazer São Vicente – Santo Antão e provavelmente São Nicolau, é um barco superdimensionado para fazer Sal – Boa Vista. Portanto, não podemos ter os mesmos tipos de barco para fluxos e demandas diferentes. O papel principal da renegociação é como reestruturar esta parte técnica do contrato. Depois, há algumas gralhas que vamos aproveitar para corrigir. As negociações já estão em andamento, e pensamos que até finais de Fevereiro teremos os acordos todos”, aponta.
Paulo Veiga refere que o objectivo é flexibilizar as características técnicas para que este e os próximos governos possam adaptar e prestar um melhor serviço a nível dos transportes marítimos interilhas, e ter embarcações adequadas para cada linha.
A tutela da pasta da Economia Marítima assume que não está satisfeita com o serviço prestado, tendo em conta as várias críticas dos utentes nos últimos dias, mormente sobre o transporte de mercadorias. Paulo Veiga diz que a situação está a melhorar e anuncia a apresentação, em breve, de uma segunda embarcação, cuja aquisição já foi autorizada.
“Não estou satisfeito. Agora, temos que reconhecer que melhorámos de onde estávamos. Estamos a melhorar. Já foi autorizada a aquisição da segunda embarcação e conto que, brevemente, a empresa apresentará a embarcação à sociedade e aos cabo-verdianos”, declara.
Para o governante, não se pode culpar só a empresa e admite que todo o ecossistema tem que ser melhorado. Refere, por exemplo, que este ano o Estado vai construir seis gares marítimas nas ilhas da Boa Vista, Sal, São Nicolau, Maio, na cidade da Praia e remodelar a do Fogo. Também reafirma a intenção de criar centros de logística para fazer a gestão e o envio da carga.
“Todo esse ecossistema está a ser melhorado”, diz.
“É urgente a substituição da frota”
Para os próximos dias, a CV Interilhas anunciou a redução de algumas ligações devido à paragem para reparação de três navios.
“É urgente a substituição da frota. A nossa surpresa e desagrado é com as embarcações novas que nós adquirimos. O nível de operação do Liberdadi e do Kriola é muito baixo. Passam mais tempo em reparação do que a navegar, o que nos demonstra claramente que foi uma opção errada. São excelentes embarcações, mas não são para as nossas águas e estão constantemente a ter avarias. Isto quando os navios mais antigos, que queríamos substituir, quase não param nos estaleiros. Temos aqui um desafio que é a substituição dessas duas embarcações que ainda o Estado está a pagar”, entende.
Sobre as embarcações em reparação, Paulo Veiga diz ter a informação de que o navio Liberdadi deverá estar operacional até o final deste mês. Garante que o Interilhas também está em reparação e deverá voltar a navegar brevemente.
A empresa, liderada pela Transinsular, é concessionária desde 2019 do serviço público de transporte marítimo inter-ilhas e em Março de 2020, previa apresentar até Junho passado uma solução global para renovação da frota.
Contudo, em Agosto do ano passado, em entrevista a Lusa, o Administrador da empresa, afirmou que a renovação da frota era prioritária, mas admitiu que será repensada, devido à crise gerada pela covid-19