A guerra que desde 24 de Fevereiro se desenrola na Ucrânia tem tido consequências para a economia mundial.
O preço do petróleo disparou e, um pouco por todo o mundo, os preços têm acompanhado essa escalada.
Esta terça-feira os mercados internacionais encerraram com o barril de Brent (que serve de referência para Cabo Verde) a ser negociado a mais de 130 dólares.
A Rússia, entretanto, assinalou esta terça-feira que os preços do petróleo podem escalar para os 300 dólares por barril se o Ocidente continuar a rejeitar as importações de energia russa.
“É absolutamente claro que uma rejeição do petróleo russo levará a consequências catastróficas para o mercado global”, defendeu o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, citado pela CNBC. “O aumento nos preços seria imprevisível. Chegaria aos 300 dólares por barril, senão mais”.
Governo acompanha situação
Perante a subida do preço dos combustíveis o ministro da Energia, Alexandre Monteiro, disse ao Expresso das Ilhas reconhecer que “há instabilidade internacional” provocada pela guerra na Ucrânia e que essa instabilidade tem “reflexos nos preços dos combustíveis e matérias primas.”
“São situações cujo desfecho não controlamos, mas sentimos os efeitos e temos de estar preparados para tomar medidas para mitigar a situação como aconteceu recentemente, com a crise energética, quando tomamos medidas em sede de política fiscal e social com reforço da tarifa social e a redução do IVA para mitigar os efeitos dessa crise”, afirmou.
Actualmente, disse o ministro, o executivo está a acompanhar a situação para avaliar “os instrumentos disponíveis que o governo pode mobilizar” para diminuir os impactos que a subida do preço do petróleo nos mercados internacionais terá em Cabo Verde.
Quanto a medidas concretas, Alexandre Monteiro observa que a situação internacional “carece de uma avaliação cuidada” para que “as medidas possam ser assertivas.”
“Nesse sentido fazemos a avaliação da situação e dos instrumentos que temos para agir em conformidade”, acrescentou.
Feira de energias renováveis
As declarações do ministro foram feitas após a apresentação da Feira de Energias Renováveis que vai acontecer entre os dias 24 e 26 deste mês, na Praia.
Ao todo, 35 empresas vindas de seis países diferentes vão participar no evento, anunciou Angélica Fortes, administradora e delegada da Feira Internacional de Cabo Verde.
“A feira acontece este ano sob o lema ‘Para uma economia verde, soluções limpas e eficientes’, e deverá envolver cerca de 80 expositores nacionais e estrangeiros, para além de um programa de jornadas técnicas sobre temas de interesse nesse sector, e encontros de negócio”, apontou esta responsável.
Já o ministro salientou que a feira vai dar um contributo importante para impulsionar o sector das energias renováveis e para a criação de valores e oportunidades de negócio viáveis no sector.
“A realização desta feira num momento complicado que o mundo atravessa revela um país determinado e comprometido com a consolidação da sua estratégia de desenvolvimento sustentável”.
“O objectivo da realização desta feira vai ao encontro das políticas do Governo para o sector energético, que é criar um espaço importante de comunicação e promoção de negócios essenciais para o desenvolvimento de energias renováveis e eficiência energética no país”, enfatizou ainda o ministro.
Cabo Verde tem actualmente cerca de 20% de penetração de energias renováveis na rede e tem vários projectos em curso, como um programa de massificação da microprodução e incentivos fiscais e aduaneiros, para a meta de atingir a meta de 50% de energias limpas até 2030.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1058 de 9 de Março de 2022.