“Vamos abrir as portas dos hospitais portugueses para acolher gestores desses países e também dar apoio de consultoria para a gestão de serviços de saúde nesses países”, disse Alexandre Lourenço em entrevista à agência Lusa, a propósito do 27.º congresso da Associação Europeia dos Administradores Hospitalares, que decorre entre quarta e sexta-feira, no Centro de Congresso do Estoril, em Cascais.
No primeiro dia do congresso vão ser discutidas formas de cooperação na gestão de serviços de saúde entre o Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe e Timor, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com o patrocínio da Federação Internacional dos Hospitais.
“Para nós, o desenvolvimento dos sistemas de saúde depende muito da capacidade de liderança e da gestão das organizações e, particularmente, o Brasil e Portugal têm maior capacidade nestas áreas e estamos a organizar um ‘workshop’ que vai permitir fazer essa ponte e apoiar os outros países lusófonos nesta matéria”, adiantou o presidente da APAH.
O objectivo é encontrar “pontes e possibilidade de gestão”, que passam pela promoção de programas de estágio e de capacitação de gestores.
“Em Portugal e a nível europeu promovemos estágios” de curta duração (um mês), em que gestores portugueses vão a outros países e vice-versa, e “vamos propor isso a estes países africanos”, explicou o presidente da APAH.
Segundo Alexandre Lourenço, esses programas de estágio vão ser disponibilizados pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e pelo Colégio Brasileiro dos Executivos de Saúde.
“Também existe da nossa parte uma necessidade de aprender muito com os colegas africanos”, que vão dar a conhecer a realidade dos seus países no congresso, disse.
Por outro lado, a experiência adquirida em Portugal e na Europa para combater doenças infecciosas também “pode ser útil” para ajudar os países lusófonos.
“Em Portugal e na Europa estamos muito focados nas doenças crónicas e a reestruturação do sistema funciona muito nesta base”, mas estes países “continuam a viver grandes dificuldades no âmbito das doenças infecciosas.
Nesse sentido, a experiência adquirida “ao longo do tempo para combater essas doenças infecciosas pode ser útil a apoiar estes países.
Mas o se pretende mesmo “é uma cooperação conjunta para conseguir perceber os problemas e criar momentos de troca de experiências e de aprendizagem mútua”, frisou Alexandre Lourenço.
No congresso europeu são esperados mais de 600 participantes e 100 oradores de toda a Europa, incluindo membros da Comissão Europeia, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).