“A ilha do Sal está a viver uma nova era”

PorAntónio Monteiro,21 set 2019 10:35

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Em entrevista ao Expresso das Ilhas por ocasião do Dia do Município que se assinalou no passado dia 15, o edil salense não teve dúvidas em afirmar que o resultado dos três anos da sua gestão camarária está à vista de todos e que a ilha do Sal está a ser objecto de uma grande mudança a vários níveis, o que, nas suas palavras é bom, não só para a consolidação do destino turístico, mas também para dar mais qualidade de vida aos munícipes. Mesmo nos sectores mais vulneráveis como a saúde, educação e segurança Júlio Lopes enumera ganhos e promete em dois anos resolver a problema da habitação social na ilha do Sal, cujo défice em termos percentuais é o maior de Cabo Verde.

Na sua intervenção na última sessão da Assembleia Municipal exortou os eleitos municipais e os cidadãos a deitarem um “olhar atento às mudanças” registadas na ilha. Por que é necessário um olhar atento para se constactar essas mudanças? 

Sim, é verdade, porque o método do nosso trabalho é a gestão participativa, gestão de proximidade, em que antes de estabelecermos o programa de actividades visitamos cada bairro, mantemos contactos com todas as comunidades e ouvimos a população. Então no quadro da responsabilização temos que dizer à população aquilo que foi feito. A Câmara não vai dizer qual é o balanço porquanto o resultado está à vista de todos, tanto daqueles que residem na ilha do Sal, como daqueles que nos vêm visitar. Todos são unânimes em reconhecer que a ilha do Sal está a ser objecto de uma grande mudança a vários níveis, o que é muito bom, não só para a consolidação do destino turístico, mas também para dar mais qualidade de vida à população, às pessoas e às famílias. Estamos a cumprir a nossa visão, que é uma visão centrada nas pessoas e nas famílias. Então, todas as actividades que desenvolvemos visam o bem-estar da população, das pessoas e das famílias. Este é o centro da atenção da Câmara Municipal do Sal (CMS). 

Na mesma sessão afirmou que a ilha do Sal está a viver uma nova era. A que se refere concretamente? 

A ilha do Sal está a viver uma nova era. Nunca durante toda a história desta ilha houve um ambiente tão propício como agora – um ambiente de parceria total. A CMS e o Governo de Cabo Verde estão a trabalhar numa sintonia completa. Também estamos sempre em parceria com a sociedade civil. Esta parceria entre a câmara, o governo e a sociedade civil é que está a catapultar a ilha do Sal para uma nova era nos domínios da requalificação urbana, habitação social, equipamentos sociais, desporto, cultura...Veja o grande mercado na Cidade de Espargos que nós acabamos de inaugurar e o Centro para a infância e para a adolescência: os espaços foram oferecidos pelo governo e a câmara fez a requalificação. No caso concreto do Centro da infância e adolescência tivemos a parceria de dois grupos hoteleiros – Oásis e RIU – que apoiaram nos equipamentos. A nível do desporto estamos em boa sintonia com os parceiros. A Federação Cabo-verdiana de Futebol inaugurou na semana passada um grande centro de estágio com campo de 7 relvados aqui na ilha do Sal. A CMS está a investir fortemente na melhoria das infraestruturas desportivas: dois campos relvados; polidesportivo e polivalentes reabilitados; estamos a instalar nos bairros 10 fitness parks, 12 parques infantis e 18 estruturas de street basket. Enfim, regista-se um novo ambiente a nível do desporto. A ilha do Sal está a transformar-se num grande centro de eventos desportivos. Podemos referir os Jogos Africanos de Praia, em que estiveram aqui mais de mil atletas, o circuito do campeonato mundial de kite surf etc... Na cultura a ilha do Sal está a se projectar a nível nacional e internacional com vários eventos, designadamente o Festival de Literatura-Mundo, Noite de Guitarra, o Festival Internacional de Santa Maria que este ano teve a melhor organização de sempre. Desta vez com muita juventude que veio das outras ilhas em muito maior número em virtude da resolução do problema dos transportes inter-ilhas. Agora a ligação do Sal com as outras ilhas é muito mais fácil. A nível económico podemos destacar o Hub Aéreo do Sal que é uma grande aposta do governo e que está a correr muito bem com uma alta taxa de ocupação dos aviões da Cabo Verde Airlines. Este governo salvou a TACV e agora a CV Airlines está a prestar um grande serviço à nação, na promoção do destino Cabo Verde e na ligação de Cabo Verde aos continentes. Quanto ao turismo regista-se um incremento assinalável de investimentos. Os grupos que trabalham em Cabo Verde como Oásis, TUI e RIU, entre outros, têm confiança em Cabo Verde e por isso estão a investir. Também novas marcas e investidores de prestígio estão a investir.

Segundo dados da Carta de Política Nacional de Habitacional a ilha do Sal tem um défice de 1.666 casas. Porque há esse défice e quando essa lacuna será colmatada? 

É verdade, Sal é a ilha de Cabo Verde que, em termos percentuais, tem o maior défice habitacional. Segundo o documento que referiu, a ilha do Sal tem um défice habitacional de 1.666 casas. Felizmente este problema está sendo equacionado. Com o projecto da requalificação de Alto São João, Alto Santa Cruz e Terra Boa financiado pelo governo, vai entrar em fase de resolução o problema das barracas – o que vai beneficiar mais de 800 famílias. Da parte da câmara municipal, estamos a desenvolver o projecto de apoio à auto-construção em que disponibilizamos cerca de 900 lotes de terreno, por direito de superfície, em que cada família paga 3.500$00 por ano. Damos assistência e apoio simbólico em termos de material de construção. Conforme o regulamento aprovado na assembleia municipal, a CMS disponibilizou para venda mais de 1.200 lotes de terrenos em Espargos (Ribeira de Feijoal), Praia de Neto e Santa Maria. Ou seja, temos dois procedimentos para a aquisição de terrenos: o direito de superfície para colmatar o défice habitacional através da habitação social, e para as pessoas com capacidade financeira para investimentos e construção de habitação, temos terrenos à venda em Ribeira de Feijoal, na zona de Praia de Neto e em Santa Maria. Com essas medidas, o défice habitacional será resolvido na ilha do Sal.

O senhor diz que com as obras e projectos em curso a ilha do Sal vai resolver o défice habituação actual. E para o futuro, pois projecções indicam que a ilha terá cerca de 50 mil habitantes em 2030? 

De facto, segundo previsão do INE, a ilha do Sal tem neste momento 39 mil habitantes e a perspectiva é para termos 52 mil habitantes em 2030. Por conseguinte, nós temos que continuar este trabalho, não só na parte da habitação social, mas também habitação e projectos de investimentos para nossos emigrantes e privados nacionais interessados em investir em pequenos hotéis. Também queremos que empresas do ramo da imobiliária no Sal façam investimentos ao nível da infraestruturação para preparar lotes para as camadas sociais com mais poder de compra e mesmo para a habitação social. Como disse, o problema actual já está equacionado para resolução, mas temos o problema do défice futuro. Por isso é que contamos com apoio do governo, através do ministério das Infraestruturas, que está a fazer aqui um grande trabalho de planificação e ordenamento do território para que possamos ter as nossas cidades sustentáveis, bem organizadas e com melhor qualidade de vida para as populações. Para concluir contamos resolver o défice actual da habitação e perspectivar a resolução dos problemas futuros que virão com o aumento da população tendo em conta os grandes investimentos que estão a ocorrer no Sal a nível do Hub Aéreo e a nível do turismo. 

Os salenses exigem maior atenção aos sectores da educação, saúde e segurança. Qual tem sido a intervenção da câmara junto do governo nestas matérias? 

O Sal tem esse problema a nível da educação devido à imigração de muitas famílias com filhos em idade escolar. Felizmente no ano passado fez-se um anexo ao liceu da Cidade de Espargos, resolvendo o problema da procura. Já foi anunciada pela sra. Ministra da Educação a construção de mais duas escolas aqui no Sal, uma em Palmeira e outra em Chã de Matias. A nível da saúde, a população do Sal é muito exigente, o que é bom, porque a ilha ficou esquecida nesse aspecto. Mas veja, por exemplo, que em 2016 havia no Sal sete enfermeiros e cinco médicos. Hoje, já temos 16 médicos e 25 enfermeiros. Portanto, em três anos houve uma duplicação do número de médicos e enfermeiros, sem contar com a construção do Centro de Saúde/Hospital de Santa Maria cuja conclusão está prevista para o mês de Janeiro de 2020. Foi anunciado pelo primeiro-ministro a construção do Centro de Saúde de Palmeira cujo projecto está em fase de elaboração. Estou a falar apenas da parte pública... pois da parte privada há cada vez mais privados a investir a área da saúde. Por conseguinte, a situação, de facto, não é ainda a melhor, somos exigentes, queremos mais, mas estamos no bom caminho. No que concerne à segurança houve uma melhoria considerável de efectivos e de equipamentos da Polícia Nacional. Dentro de pouco tempo, no âmbito do projecto Cidade Segura, o governo vai iniciar o processo de instalação de equipamentos de videovigilância. Por outro lado, a Assembleia Municipal do Sal já aprovou a criação da Polícia Municipal. Quer dizer que dentro de poucas semanas entraremos no processo de recrutamento dos futuros agentes da Polícia Municipal... 

Sente-se motivado para mais um mandato à frente da Câmara Municipal do Sal?

A nossa equipa está motivada e está satisfeita com a forma como estamos a relacionar com o governo central, com a forma como estamos a relacionar com a população. Estamos todos motivados para trabalhar, porque ainda falta um ano e alguns meses de mandato e temos ainda muitos projectos para concluir… A nossa motivação é cumprir aquilo que foi contratualizado com a população do Sal. Estamos a trabalhar para agradar a população do Sal.

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Autoria:António Monteiro,21 set 2019 10:35

Editado porJorge Montezinho  em  9 jun 2020 23:21

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