A Lusa noticiou na quarta-feira que, depois daquela recessão este ano, devido à crise provocada pela pandemia de COVID-19, o crescimento deverá voltar a Cabo Verde, cerca de 5,5%, em 2021, mas que a dívida pública deverá aumentar para 132,5% do Produto Interno Bruto (PIB) ainda este ano, segundo a mesma previsão divulgada pelo FMI.
“Estes cenários já estão ultrapassados. Os números estão a ser actualizados, semanalmente. Os números finais poderão ser piores”, reagiu, numa mensagem colocada esta quinta-feira na sua conta oficial na rede social Facebook, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia.
“Seja como for, estamos, como nação, com energia suficiente para aguentarmos o choque e o supersoco e reinventarmos Cabo Verde. Será desafiante para Cabo Verde”, admitiu o governante, na mesma mensagem.
Segundo o FMI, os países de recursos não intensivos devem ver o crescimento abrandar de 6,2% para 2%, e dentro deste grupo, os países dependentes do turismo, como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe ou as Ilhas Seychelles, “deverão passar por uma quebra severa, com o PIB a contrair-se 5,1% depois de ter crescido, em média, 3,9% em 2019".
Cabo Verde conta actualmente com 55 casos da covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (51), de Santiago (3) e de São Vicente (1). Um destes casos, um turista inglês de 62 anos, acabou por morrer na Boa Vista, enquanto outro dos doentes já foi dado como recuperado.
A crise económica já se sente no arquipélago, dependente do turismo e fechado ao exterior devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, tendo o vice-primeiro-ministro assumido anteriormente a preparação de um novo Orçamento do Estado para 2020, porque o actual “pifou”.
Em cima da mesa, explicou, está um cenário de défice orçamental que dispara este ano de 2 para 10% do Produto Interno Bruto (PIB), com a correspondente “explosão” da dívida pública e uma recessão económica de 4 a 5% do PIB, contra o crescimento anual acima de 5% que se registava até agora.
O quadro, reconheceu, é composto ainda, “no melhor cenário”, pela duplicação do desemprego, cuja taxa poderá chegar aos 20% e a quebra de 18 mil milhões de escudos em receitas públicas.
O país cumpre o último de 20 dias previstos de estado de emergência para conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações interilhas e para o exterior suspensas.
O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, anunciou ontem a prorrogação do estado de emergência até 02 de Maio nas três ilhas com casos diagnosticados de COVID-19 e até 26 de Abril nas restantes.
A nível global, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 133 mil mortos e infectou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 436 mil doentes foram considerados curados.