Uma semana. Sete dias foram suficientes para a Praia passar dos 19 casos de COVID-19 para os 54 casos fazendo o país saltar dos 73 para os 113 casos confirmados. Isto apesar dos constantes apelos feitos pelas autoridades de saúde para que se cumprissem as normas de higiene e distanciamento pessoal.
“Durante o Estado de Emergência é preciso cumprir com rigor e disciplina as medidas de confinamento obrigatório, ficar em casa”, apontou o primeiro-ministro, que frisou ainda que não seria necessário “estar a repetir” esta mensagem, “se todos estivessem a cumprir”, disse, na passada sexta-feira, o Primeiro-ministro quando anunciava que a partir de agora o uso de máscaras é obrigatório em espaços interiores fechados de atendimento ao público ou que impliquem contacto com o público. A obrigação é para ser cumprida “por trabalhadores, utentes e clientes”.
Mas esta semana ficou também marcada pela notícia de que a infecção tinha chegado aos trabalhadores do Hospital da Praia.
“Há quatro casos positivos”, confirmou Júlio Andrade, PCA do Hospital Agostinho Neto, ao Expresso das Ilhas afastando, no entanto, qualquer relação entre estes os casos de dois funcionários e os dos dois médicos que trabalham naquela unidade de saúde e que testaram positivo.
“São pessoas que trabalham no Hospital, mas em estruturas diferentes”, assegurou.
O PCA do Hospital Agostinho Neto disse ainda que “os contactos directos e indirectos dos médicos infectados deram negativo”. E garantiu que “não é fácil a transmissão intra-hospitalar, porque todos os trabalhadores têm protecção individual. Fica difícil a transmissão de uma pessoa para a outra com essas protecções”.
“Dois dos funcionários infectados são um casal, é normal que estejam ambos infectados. Como foram infectados, não sabemos”, esclareceu.
Testes e mais uma ‘encomenda’ da China
Esta segunda-feira chegou a Cabo Verde mais uma remessa de equipamentos de protecção individual e também testes enviados pela Fundação Jack Ma.
Ao todo chegaram a Cabo Verde “18.900 kits de teste, 3.800 viseiras de protecção, 3.700 fatos de protecção, 36 termómetros digitais, 9.500 luvas” e da OMS chegou, no mesmo voo, “um importante donativo da OMS que inclui máscaras cirúrgicas, máscaras faciais, luvas”, anunciou o primeiro-ministro.
Também internamente se têm registado doações de material.
Em declarações ao Expresso das Ilhas, Luís Vasconcelos, PCA do Grupo Ímpar, explicou que vai fazer uma segunda doação de testes rápidos.
Desta vez, apontou, vão ser entregues 800 testes “o Ministério da Saúde que lhe dará a utilização que entender mas que acredito que os use na Praia para que o rastreio epidemiológico possa ser o mais exaustivo possível”.
A primeira doação contou ainda Luís Vasconcelos tinha sido feita ao Hospital Baptista de Sousa, em Mindelo.
“O grupo Ímpar recebeu por parte do Hospital Baptista de Sousa um pedido de patrocínio para ventiladores e monitores. Deram-nos uma factura pro-forma e percebemos que o tempo de entrega eram três meses. Isso não fazia sentido nenhum e, neste processo, encontramos testes rápidos e anti-corpos. Fizemos essa proposta ao HBS que aceitou. Na altura foram 500 testes rápidos e mais de mil zaragatoas”, conta.
Fim do estado de emergência
Esta semana seis das nove ilhas habitadas do país saíram do Estado de Emergência declarado pelo Presidente da República e aprovado pela Assembleia Nacional.
No entanto, “o fim do estado de emergência não significa o fim do risco da doença, nem o fim de estado de calamidade pública”, declarou o Governo através do ministro-adjunto do primeiro-ministro e ministro para a Integração Regional, Rui Figueiredo Soares.
Aliás, quem esperava que com o fim do Estado de Emergência chegava a altura de regressar às praias e aos banhos no mar enganou-se.
O Instituto Marítimo e Portuário anunciou, na segunda-feira, que a interdição da “frequência das praias balneares do país” se vai manter.
A medida, diz o IMP, tem como objectivo conter a “propagação da pandemia”. Por isso, recorda aquela instituição, “todas as praias nacionais estão interditadas a actividades desportivas ou de lazer, que impliquem aglomerados de pessoas”.
“O IMP, informa a toda população que no âmbito das restrições anunciadas pelo Governo para o pós Estado de Emergência, e no sentido de reforçar o distanciamento social, mantém-se a interdição de frequência das praias balneares de todo o país”, avisa o instituto que destaca que a “autorização para frequência das praias balneares será concedida logo que as condições de segurança permitirem”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 961 de 29 de Abril de 2020.