Só o furto de energia eléctrica a nível nacional causou prejuízos na ordem dos 2,6 milhões de contos à Electra durante o ano passado e, segundo dados a que o Expresso das Ilhas teve acesso, até Setembro deste ano os prejuízos já chegavam aos 2 milhões de contos.
Estes valores fazem com que os responsáveis da empresa temam que os prejuízos em 2021, pelo menos, igualem os do ano passado.
Segundo os dados consultados pelo Expresso das Ilhas, Santiago é a ilha onde o furto de energia eléctrica tem maior expressão. Só nesta ilha o roubo de energia causou prejuízos superiores a 1,5 milhões de contos até Setembro deste ano o que corresponde a uma perda de mais de 88 mil MWh de energia eléctrica.
“Os dados globais a nível de Santiago são mais expressivos do que nas restantes ilhas, sendo 36% [do total] a nível de Santiago e destes 80% na cidade da Praia”, destaca a direcção da Unidade de Combate a Perdas quando questionada pelo Expresso das ilhas.
São Vicente, Sal, Santo Antão e Fogo são outras das ilhas onde os prejuízos financeiros causados pelo furto de energia são mais elevados.
Pandemia
Os dados da Electra a que o Expresso das Ilhas teve acesso mostram que a situação do roubo de energia eléctrica dava sinais de abrandamento, no entanto, com a entrada da pandemia de COVID-19 no país, em Março de 2020, voltou a conhecer um agravamento.
“O problema arrasta-se desde antes, mas com a pandemia agravou-se”, referem os responsáveis da Electra ouvidos pelo Expresso das Ilhas.
Em São Vicente, por exemplo, as perdas derivadas do furto de energia significavam em Março de 2020 um total de 11% da produção. Em Março deste ano o valor chegava aos 14,2%.
Em Santo Antão, a situação é idêntica de Março de 2020 para Março deste ano, sendo que as perdas causadas pelo furto de electricidade passaram de 14,20% para 15,30%. Um último exemplo: as perdas não técnicas (expressão usada pela empresa para se referir ao furto de energia) na ilha do Maio passaram de 5,3% em Março do ano passado para 12,9% em Março deste ano. Ou seja, mais do que duplicaram.
Bons e maus pagadores
Conforme explicaram os responsáveis da Electra, a empresa está a aplicar uma matriz que divide os seus clientes em quatro grupos distintos: os que podem pagar e querem pagar, os que podem pagar e não querem pagar, os que não podem pagar mas querem pagar e, por último, os que não podem e não querem pagar.
Para cada um destes grupos é preciso criar “um amplo conjunto de acções” e “uma vez mapeados e segmentados os clientes e os problemas de perdas, a estratégia deve lançar mão de um conjunto de iniciativas estruturadas e coordenadas para reduzir os índices de Perdas Não Técnicas ao mínimo aceitável”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1047 de 22 de Dezembro de 2021.