Julião Varela diz que a proposta apresentada pelo governo revela um orçamento egoísta e pouco solidário.
“Um orçamento marcado pelo expressivo aumento da dívida pública, a situar-se em mais de 293 mil milhões de escudos, sem que se apresente qualquer grande programa de investimento público ou se resolvam os graves problemas dos transportes ou da segurança pública e muito menos do poder de compra dos cabo-verdianos. É um orçamento egoísta e pouco solidário. Quem tira maior proveito é o próprio Governo que dá-se ao luxo de aumentar as despesas de 72 para mais de 77 mil milhões de escudos, ou seja, um aumento de mais 5,2 mil milhões de escudos, gerando um défice global de 12,9 mil milhões de escudos, a ser financiado com recurso ao endividamento público", revela.
O secretário-geral do PAICV avança que só com deslocações e estadias a verba orçamentada sobe de 609 mil contos para 794 mil, o que representa um aumento de 185 mil contos. Para a assistência técnica, o montante global de 4,5 mil milhões de escudos.
Por outro lado, Julião Varela não compreende a timidez das propostas em matéria salarial na função pública, que contemplem salários até 69.000$00, com aumentos que variam entre 525$00, para salários mais baixos, e os 690$00, para os vencimentos mais altos. O responsável do maior partido da oposição sublinha que são aumentos inexpressivos, muito longe da atual taxa de inflação, que ronda os 8%.
“O salário mínimo aumentado é para os outros aplicarem, ou seja, o Governo decreta e quem tem que assumir são as micros e pequenas empresas e as famílias. Mas é um orçamento que continua a carregar nos impostos. Aumenta a taxa turística para 275$00, sem se preocupar com a salvaguarda da necessária competitividade turística do país. Aumenta em mais 20$00 a taxa do tabaco. Permanece o aumento de 5% dos direitos de importação em mais de 2000 produtos, de entre os quais bens alimentares, medicamentos, materiais de construção civil, etc. Não atende à reivindicação de retirar o imposto de consumo especial sobre as viaturas de 0 a 4 anos, que fixa em 100 contos por cada viatura. Não fixa qualquer meta em termos do emprego”, aponta.
Julião Varela termina dizendo que o orçamento não corresponde às expectativas, nem ajuda os cabo-verdianos a enfrentarem o momento difícil que atravessam, devido ao continuado aumento do custo de vida.