Estas declarações foram proferidas esta manhã, na Praia, em conferência de imprensa proferida por Fidel Cardoso de Pina, membro da comissão política nacional do maior partido da oposição.
“Num total despropósito, o partido ventoinha veio a público atacar, mais uma vez, o PAICV, a propósito da avaliação feita pela Freedom House. Mas não é difícil entender o que pretende este partido que é justamente a politização dos dados para perturbar uma boa leitura e análise das fragilidades identificadas. É claro que a Freedom House valoriza o facto de Cabo Verde viver em estabilidade democrática, com eleições regulares, com alternâncias políticas, com governos de legislatura, com governabilidade e, seguramente, sem golpes de estado e sem crises políticas no nosso país”, avança.
Fidel Cardoso de Pina realça que a avaliação da Freedom House vem na sequência de um conjunto de outras avaliações menos boas feitas por várias outras instituições, como a Mo-Ibrahim, a Fitch Ratings ou a Bloom Consulting, sobre a atratividade económica dos países africanos, onde Cabo Verde registou retrocessos, com importantes perdas de posições.
“O Governo e o MPD demonstraram algum desconforto e/ou não reagiram, ou tentaram desvalorizar estas instituições. Todos estão lembrados que com relação aos dados da Afrosondagem a maioria reagiu mal e através do seu Secretário-Geral prometeu ir fazer uma análise aturada e profunda que, com certeza, ainda não foi concluída. Mesmo em relação a avaliação da Freedom House é preciso prestar muita atenção à dimensão da corrupção, do nepotismo, do acesso à justiça, a questão da criminalidade ou a problemática das iniquidades para as mulheres e para os trabalhadores migrantes”, aponta.
De acordo com o documento da Freedom House, o arquipélago é uma democracia estável com eleições concorrenciais e transferências periódicas de poder entre partidos rivais, com as liberdades civis genericamente protegidas. O mesmo relatório refere que o acesso à justiça é dificultado por um sistema judicial demasiado burocrático, e o crime continua a ser uma preocupação
Ainda sobre Cabo Verde, a ONG aponta que entre os outros principais problemas estão as persistentes iniquidades para as mulheres e os trabalhadores migrantes, o que não impede o país de ser o mais livre entre os africanos.