Em conferência de imprensa proferida na sua sede, em São Vicente, a União dos Sindicatos da ilha, composta por quatro sindicatos, demarcou-se do acordo, tanto a nível dos aumentos salariais como do salário mínimo nacional.
“A União dos Sindicatos de São Vicente denuncia e demarca-se dessa proposta de aumento salarial para o ano de 2023. Consideramos que é uma proposta financeiramente irrisória, socialmente injusta, discriminatória e excludente tanto a nível da actualização salarial para a administração pública, bem como para os pensionistas e para o salário mínimo no sector privado. Essa proposta vai criar problemas nas negociações com o sector privado. Teríamos era que negociar com o Governo uma proposta de actualização salarial que repusesse minimamente o poder de compra”, entende Tomás Delgado, da direcção da USV.
O Governo já anunciou que os salários na função pública e as pensões dos pensionistas do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) de 15.000 a 33.000 escudos sofrem um aumento de 3,5% em 2023, acima de 33.000 escudos e até 51.000 escudos aumentam 2% e de 51.000 escudos até 69.000 escudos sobem 1%.
Luis Fortes, também membro da direcção da USV, entende que a proposta exclui boa parte dos funcionários públicos.
“Quase todos os técnicos não vão ter aumento salarial. A maioria dos professores não vai ter aumento salarial. Os técnicos administrativos nas Câmaras Municipais e outros serviços não terão aumento salarial. Os técnicos de saúde não vão ter aumento salarial. Os aposentados com pensões superiores a 69 mil escudos não vão ter aumento. As negociações de aumento salarial com os privados vão ser altamente condicionados. Portanto, estamos perante uma proposta não só irrisória, como também excludente e discriminatória”, considera.
O responsável sindical lembra que o salário mínimo nacional no sector privado passa de 13 mil para 14 mil escudos, “quando a promessa do Governo era aumentar para 15 mil escudos até 2021”.
A USV considera que as centrais sindicais falharam nas negociações.
“Demarcamos da anuência dada pelas duas centrais sindicais a essa proposta do Governo, a qual está reflectida nas declarações públicas que ambas fizeram, manifestando satisfação pela aprovação da referida proposta, que mais não é do que uma simples simulação de aumento salarial. É bom notar que essa nossa demarcação da proposta de aumento salarial tem consequências. Ela marca o início de um processo de luta laboral, para a qual todos os trabalhadores de São Vicente, em particular, e de Cabo Verde, em geral, estão convocados”, diz.
A União dos Sindicatos de São Vicente esclarece que os próximos passos passam por encontros com os trabalhadores e com os deputados, por entender que ainda há tempo e espaço para rever a proposta de actualização salarial.