A acção ocorreu na presença dos líderes sindicais, delegados e populares. Também esteve presente uma delegação da União Nacional dos Trabalhadores de Cabo Verde - Central Sindical (UNTC-CS), liderada por Joaquina Almeida, que reivindica a propriedade do edifício. A USV, pela voz de Tomás Delgado, diz que não foi notificada formalmente da acção de despejo, tendo apenas recebido uma chamada telefónica do tribunal, na manhã de quarta-feira.
“Não temos qualquer notificação formal. A senhora [oficial de justiça] está com um papel a mostrar um despacho de um juiz. Mas nós não recebemos nada. Formos informados por telefone, por volta das 11:30 de quarta-feira, a dizer que tínhamos que entregar as chaves hoje às 9:30”, afirma.
A União dos Sindicatos de São Vicente entendeu que era preciso esperar pela decisão do recurso pendente no Tribunal da Relação, pelo que negou entregar as chaves. Para cumprir o mandado judicial, os oficiais de justiça tiveram que chamar a polícia, para garantir a segurança, e um carpinteiro que arrombou três portas externas e sete no interior do prédio.
O porta-voz da USV, Tomás Delgado, classificou o acto como vandalismo.
“Embora com uma decisão judicial, para nós foi um acto de vandalismo que aconteceu aqui hoje. É uma violência contra os trabalhadores. É violentar um espaço que os trabalhadores de São Vicente ocuparam antes dessa senhora [Joaquina Almeida] ter nascido. Os trabalhadores conquistaram este espaço junto do Governo para que pudessem instalar os sindicatos. Não vamos baixar os braços porque é uma luta ao longo de 47 anos do movimento sindical em São Vicente. A UNTC-CS somos nós”, diz.
Tomás Delgado esclarece que o espaço foi doado em 1974 pelo Governo para servir os trabalhadores de São Vicente, mas que em 2014/2015 foi registado no nome da UNTC-CS.
“Inicialmente, a propriedade estava registada no nome da União dos Sindicatos de São Vicente. Depois, pedimos para que fosse mudado para a UNTC-CS porque nós somos a UNTC-CS. E agora, estranhamente, aparece um processo para nos expulsar daqui”, refere.
A União dos Sindicatos de São Vicente está à espera da decisão do recurso interposto no Tribunal da Relação de Barlavento e promete ir até o Supremo tribunal de Justiça para tentar reverter a situação.
Os sindicatos de São Vicente fazem parte do grupo que contesta a liderança de Joaquina Almeida.