Para o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, o país precisa de uma polícia “firme e determinada”.
“Que seja coesa, que seja cada vez mais operacional, que transmita confiança, com quem a sociedade e as comunidades possam contar sempre”, refere.
Para o governante está é a PN que já existe hoje, com destaque para ganhos na capacidade de reacção a situações de urgência e a nível do patrulhamento preventivo.
“Queremos que tenha cada vez mais eficácia, mais eficiência nas suas ações. Uma polícia mais moderna, uma polícia que se baseie, cada vez mais, na tecnologia e que, de facto, consiga engrandecer os cabo-verdianos, servindo e protegendo sempre com honra”, aposta.
O responsável governamental realça a importância do recurso à tecnologia, em particular a videovigilância urbana, mas também o reforço da competência de investigação criminal.
“Instalámos a Direcção Central de Investigação Criminal e estamos a evoluir naquilo que é a especialização em matéria de investigação criminal”, observa.
Paulo Rocha coloca igualmente a tónica na formação contínua, para “domínio das melhores técnicas” e “melhores formas de abordagem”.
Também o director nacional (DN) da PN, Emanuel Estaline Moreno, quer uma polícia “bem formada” e “bem equipada”.
“É necessário investir em formação, em especialização, para podermos trabalhar na prevenção, ter uma polícia mais próxima (…) ganhar a confiança dos cidadãos para, conjuntamente, trabalharmos na questão da segurança”, comenta.
Para o director nacional, o desenvolvimento traz consigo novos desafios, aos quais a corporação tem de saber dar resposta.
“Porque no dia-a-dia estamos a enfrentar situações que ontem não aconteciam. Daí a nossa preparação, a nossa reciclagem, mas também outros conhecimentos que devemos adquirir para estarmos mais eficientes e capazes de responder aos desafios”, concretiza.
A gestão de recursos humanos é outro repto “permanente”. Estaline Monteiro enaltece o governo por disponibilizar recursos para o reforço de efectivos.
“Na medida do possível, temos estado a trabalhar no sentido de fazer o recrutamento. Estamos no processo, inclusive, para poder entrar mais gente no próximo ano. E vamos necessitar de mais gente. Normalmente, na polícia, entra uma geração e sai outra”, sustenta.
O DN quer uma parceria com os cidadãos, apoiando a PN na sua missão, incluindo para evitar situações em que “é apontado o dedo” aos agentes.
“Em primeiro lugar, devemos contar sempre com a sociedade. Os cidadãos devem apoiar a Polícia em tudo. Portanto, isso não dependerá só da Polícia. A questão da formação, da melhoria da nossa capacidade de intervenção operacional é importante para podermos, de facto, evitar que aconteçam situações em que é apontado o dedo ao polícia por ter uma actuação menos boa”, declara.
Partidos
Os partidos políticos convergem na necessidade de uma maior aposta na inteligência policial. Helena Fortes, do MpD, relembra alguns passos que têm sido dados.
“Todos os nossos oficiais têm cursos superiores e a larga maioria são formados no exterior, em academias especializadas, designadamente em Portugal, de onde regressam com mestrado em Segurança Pública. No âmbito da cooperação técnica policial com Portugal, todos os anos são enviados jovens policiais para a frequência de cursos de formação de oficiais. Os currículos de formação inicial e contínua foram reestruturados. Estamos a investir e sabemos que, como a criminalidade se desenvolve, nós também estamos a capacitar os nossos agentes da Polícia Nacional para que vão ao encontro das necessidades”, sintetiza.
Do lado do PAICV, Dirce Vera-Cruz defende uma polícia de proximidade, que aposte na prevenção.
“A polícia tem de ser repensada. Será que não devemos ir para essa tal polícia de proximidade, mais de prevenção?”, questiona.
“Tem de se apostar numa polícia cada vez mais capacitada. Não chega ter bons equipamentos, tecnologia avançada, se não temos policiais devidamente preparados e formados para exercer essa função”, complementa.
Dora Pires, da UCID, pede mais investimento na formação, particularmente em técnicas especiais de investigação.
“Temos que ter uma inteligência bastante avançada nos nossos policiais. Para isso, precisam de formações, não só nos níveis superiores. Todos devem ser formados [com formações] que ajudem a ter maior análise e interpretação dos casos, para podermos chegar a uma conclusão mais rápida”, explicita.
O tema “de que Polícia Nacional precisamos?” vai estar em destaque na edição desta semana do Panorama 3.0, da Rádio Morabeza, que pode ser ouvido sexta-feira, excepcionalmente a partir das 18h00.
*com Fretson Rocha e Lourdes Fortes
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1147 de 22 de Novembro de 2023.