Em declaração aos jornalistas, no acto da entrega dos materiais para ensino e aprendizagem Dos Direitos Humanos, por parte da Comissão Nacional dos Direitos Humanos e Cidadania, Amadeu Cruz destacou a importância de buscar consenso e equilíbrio entre todas as partes envolvidas para evitar prejuízos ao sistema educacional e aos estudantes.
“Estamos a trabalhar no sentido de contemplar e corrigir todas as distorções que herdamos do governo anterior e que é da responsabilidade de todos, o Governo de Cabo Verde e este Ministro em particular. Temos a noção clara de que é necessário estabilizar a carreira dos professores, que é necessário criar condições de trabalho aos professores, que é necessário a actualização dos professores, num quadro de sustentabilidade e de razoabilidade”.
Conforme o governante, o Ministério da Educação está a trabalhar activamente para responder às reivindicações dos professores e mencionou várias melhorias implementadas recentemente, incluindo a reclassificação de cerca de 2.100 professores com grau de licenciatura e promoções e processos de transição para mais de 2.500 docentes.
O ministro também mencionou a revisão dos estatutos da carreira do pessoal docente, que inclui propostas de actualização da tabela remuneratória dos professores. O governante avançou que o Ministério propôs reunir- se com os sindicatos SINDEP, SINPROFIS e SINDPROF para discutir os termos do acordo proposto, que prevê melhorias salariais significativas.
“Nós convidámos os sindicatos a reuniões, o SINDEP foi o primeiro a responder, o SIPROFIS continua a analisar, esses dois sindicatos estão na disponibilidade de acertarmos o acordo proposto para resolvermos. E temos o SINDPROFIS que respondeu ontem, colocando em causa mais uma vez estas questões. Nós estamos disponíveis para podermos, no quadro de diálogo, trabalhar estas questões. Eu penso que é necessária moderação, necessário sentido de equilíbrio, que haja diálogo entre as partes”.
Apesar de reconhecer a legitimidade das reivindicações, o ministro enfatizou que a decisão de congelar as notas pode prejudicar os alunos e as suas famílias, e pediu aos professores que continuem com as avaliações dentro dos prazos estabelecidos e ressaltou que o Ministério da Educação está disposto a manter um diálogo aberto com os docentes para encontrar soluções conjuntas.
Amadeu Cruz afirmou ainda que o Ministério busca evitar confrontos e prioriza a busca por caminhos que levem à estabilidade e ao progresso do sistema educacional de Cabo Verde, garantindo o bem-estar dos alunos e professores.
"Nós precisamos de paz e estabilidade dentro do sistema para proteger as crianças, os alunos e os professores", finalizou.
No passado dia 04 de Abril, centenas de estudantes das escolas secundárias Domingos Ramos, Pedro Gomes, Cesaltina Ramos, Manuel Lopes e Regina da Silva, todos da Praia, uniram-se numa manifestação pacífica, protestando contra o congelamento de notas e exigindo melhorias no sistema educacional.
De referir que os professores retiveram notas do segundo período em 40 escolas, no contexto dos protestos que duram há vários meses contra o Governo, queixando-se de ameaças que ponderam levar a tribunal. O congelamento das notas já havia sido admitido durante uma manifestação de professores, na cidade da Praia, em Fevereiro.