Segundo os dados do INE, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços de base cresceu 10,4% no primeiro trimestre, 2,7 p.p. acima do trimestre anterior. O VAB da agricultura aumentou 18,2%, contribuindo com 0,8 p.p. para o crescimento do PIB.
Já as Indústrias Transformadoras registaram um aumento de 12,6%, comparado a apenas 0,1% no trimestre anterior, contribuindo com 0,6 p.p. para o PIB.
Na Construção houve uma diminuição de 4,5% no VAB, resultando numa contribuição negativa de 0,2 p.p. para o crescimento do PIB.
Já o Comércio apresentou um aumento de 7,8%, comparado a 1,0% no trimestre anterior, contribuindo com 0,9 p.p. para o PIB.
“Comparativamente ao mesmo trimestre de 2023, o VAB do ramo do Comércio apresentou, no 1o trimestre de 2024, uma variação homóloga positiva de 7,8% em volume (+1,0% no trimestre anterior), traduzindo-se num contributo para a variação homóloga positivo do PIB em 0,9 p.p.”, lê-se.
Tanto o Transporte, como a Armazenagem e Alojamento e Restauração mostraram variações significativas, com aumentos de 26,5% e 33,8% respectivamente, contribuindo com 2,9 p.p. e 2,7 p.p. para o crescimento do PIB.
“O VAB do ramo da Administração Pública teve, no 1.º trimestre de 2024, uma variação homóloga negativa de 1,4% (8,6% no 4.º trimestre de 2023), contribuindo em -0,1 p.p. para a variação total do crescimento do PIB. Por sua vez, os Impostos Líquidos de Subsídios sobre os Produtos, em termos reais, apresentaram uma variação homóloga positiva de 9,1% no 1.º trimestre, contribuindo em 1,3 p.p. para a variação total do PIB”, lê-se.
Consumo e investimento
O consumo final, incluindo o privado e público, teve um aumento de 10,5%. O consumo privado cresceu 13,1%, enquanto o consumo público aumentou 0,6%.
Por outro lado, o investimento registou uma variação negativa de 40,8%, um agravamento em comparação com a diminuição de 33,2% no trimestre anterior.
Ainda segundo o INE, as exportações de bens e serviços cresceram 13,5%, com as exportações de serviços aumentando 19,3% e as de bens 0,3%. As importações de bens e serviços diminuíram 6,0%, com uma queda de 7,0% nas importações de bens e 2,1% nas de serviços.
PIB deverá manter-se estável
De referir que no mês de Maio, o Banco de Cabo Verde (BCV) anunciou que o crescimento do PIB deverá manter-se estável em 5% em 2024, aumentar para 5,4% em 2025, bem como um “ligeiro” aumento nas suas taxas de juro de referência.
De acordo com os dados do relatório da Política Monetária do Banco de Cabo Verde, em 2023, o contexto externo da economia nacional revelou-se “menos favorável”, evidenciado pela moderação do crescimento da actividade económica mundial e dos principais parceiros comerciais, nomeadamente a área do euro e o Reino Unido.
Assim, prevê-se que o crescimento real do PIB em 2024 se estabilize, mantendo-se no mesmo ritmo de 2023, tendo em conta, a dissipação dos efeitos positivos de arrastamento do processo de recuperação da crise pandémica, a conjuntura económica ainda ténue dos principais parceiros económicos, condições mais restritivas na oferta de crédito interno e a incerteza decorrente das tensões geopolíticas.
Contudo, o Banco Central salientou que, não obstante esperar-se alguma volatilidade nos preços dos produtos energéticos devido a questões geopolíticas, antecipando que, para 2024 e 2025, a taxa de inflação mantenha uma trajectória descendente, atingindo níveis mais consistentes com o objectivo de estabilidade dos preços.
Conforme os dados, prevê-se que a inflação média anual deverá baixar para 1,2% em 2024 e 1% em 2025, favorecida pela expectativa de queda dos preços das matérias-primas energéticas e não energéticas no mercado internacional, pela atenuação dos constrangimentos no abastecimento e das pressões decorrentes dos custos dos factores de produção, bem como, por algum impacto do pendor restritivo da política monetária.
Por outro lado, o BCV acredita que, em 2024, o défice da balança corrente evolua de forma menos positiva, reflectindo a moderação na procura externa turística internacional e nas receitas do turismo e dos transportes aéreos, bem como a diminuição das remessas dos emigrantes, podendo alcançar os 3,4% do PIB.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1179 de 3 de Julho de 2024.