MpD: maioria absoluta como meta
No poder desde 2016, o MpD realizou no sábado, dia 8, um retiro que reuniu a Comissão Política Nacional, o Grupo Parlamentar e membros do Governo, na Praia. O objectivo central foi discutir estratégias para alcançar aquilo que o partido considera possível: um terceiro mandato consecutivo com maioria absoluta.
“A nossa intenção é consolidar os ganhos, continuar a resolver os problemas e intensificar a comunicação com a sociedade”, afirmou o secretário-geral do MpD, Agostinho Lopes, à Lusa. O dirigente mostrou-se convicto de que o partido estaria em condições de vencer se as eleições fossem realizadas agora, apesar de reconhecer a persistência de alguns problemas ao longo do mandato.
Sustentando a sua convicção, Lopes comparou o actual cenário com o vivido nas últimas autárquicas, em que o MpD venceu em apenas sete dos 22 municípios, garantindo que a situação do partido hoje “não tem nada a ver com 1 de Dezembro de 2024”.
“Cabo Verde nunca esteve tão bem”
Para o secretário-geral do MpD, o momento actual representa o “melhor Cabo Verde de sempre”.
“Nunca os cabo-verdianos viveram tão bem como vivem agora”, disse, citado pela Inforpress, justificando esta afirmação com dados que considera objectivos: “Os ganhos de Cabo Verde estão à vista de todos. São tantos – na área da saúde, do emprego, do crescimento económico do país, na educação, na cultura. São dados produzidos pelas instituições nacionais e internacionais que indicam que Cabo Verde nunca esteve tão bem como está agora.”
O dirigente referiu ainda estudos realizados pelo MpD que indicam que 74% da população cabo-verdiana acredita que 2026 será um ano de melhoria das condições de vida.
“Questões quentes”
Apesar do tom optimista, o MpD reconhece “questões quentes” no mandato, como os transportes, a energia e a água, que “não foram muito bem conseguidas”. No entanto, Lopes considera que há também um desfasamento entre a “percepção” da população e o trabalho já feito pelo Governo para resolver os problemas.
“Vamos ter de ter paciência para esperar que os trabalhos produzam resultados”, disse.
Um exemplo é o caso dos transportes domésticos, onde “as dificuldades são menores do que há uns meses” e há “perspectivas” de uma melhor avaliação da sociedade já nas próximas semanas.
Apesar dos desafios, a reunião da cúpula do MpD avaliou que o programa de Governo está a ser cumprido com um “alto grau de satisfação”.
A reunião serviu também para reforçar a organização interna e definir a direcção da campanha, tendo a Comissão Política ficado encarregada de apresentar uma proposta concreta até 15 de Dezembro.
O partido indica que as campanhas deverão começar em Fevereiro de 2026, com “aquecimento” em Janeiro, aproveitando as festividades do 13 de Janeiro.
A abertura oficial do ano político e parlamentar será realizada em Assomada, no dia 15 de Novembro.
PAICV promete “resgate” nas eleições de 2026
O fim-de-semana do PAICV foi preenchido. Na sexta-feira, dia 7, ocorreu a abertura do ano político e parlamentar, num evento realizado no Auditório Nacional.
O presidente do partido, Francisco Carvalho, usou a ocasião para lançar um desafio directo, afirmando que o PAICV é “chamado a intervir neste grande momento para resgatar Cabo Verde”.

“O partido que libertou o país está agora pronto para o libertar novamente das amarras da estagnação”, disse à plateia, numa crítica directa à governação do MpD.
Cinco eixos de acção
Francisco Carvalho apresentou os contornos gerais do programa do partido, estruturado em cinco eixos de acção que considera responderem “às necessidades, expectativas e sonhos dos cabo-verdianos”.
Entre as principais propostas destacam-se a resolução das falhas nos transportes interilhas, a garantia de acesso gratuito à universidade pública e bolsas para o ensino privado “para que nenhum jovem fique para trás”, o fortalecimento do poder local, a criação de um “pacote para a diáspora e alfândegas”, valorizando os emigrantes, e a garantia de electricidade para todos.
Carvalho considerou ainda necessário assegurar “concursos claros” para que todos os cabo-verdianos possam “ter acesso a cargos de topo da administração pública” e destacou ainda a necessidade de estancar a saída de jovens talentos do país.
As bases do programa nascem “da escuta do povo”, acrescentou, referindo que “o foco é uma gestão centrada nas pessoas”.
O líder do PAICV deixou claro que pretende mobilizar não apenas os militantes, mas também a diáspora e os cabo-verdianos em geral, procurando “extravasar os limites do partido”.
Conselho Nacional define estratégias
Nos dias 8 e 9 de Novembro, decorreu a reunião do Conselho Nacional do PAICV, que teve como objectivo analisar a situação política e económica do país, aprovar o plano de acção e preparar a organização interna para o novo ciclo político.
O objectivo central foi preparar um partido “forte, organizado e actuante” em todas as regiões políticas, com militantes motivados e capaz de comunicar com a população e responder aos seus anseios, disse o secretário-geral do partido à imprensa.
Vladmir Ferreira explicou ainda que o encontro teve como propósito analisar “o estado da governação de Cabo Verde e o caminho que o mesmo está a seguir neste momento”, destacando os “muitos constrangimentos” nas questões dos serviços básicos, como água, electricidade e transportes.
Em vídeo posteriormente publicado no Facebook, Francisco Carvalho, por seu turno, destacou que a reunião serviu não para apontar culpados pelos problemas existentes, mas para ouvir propostas concretas que permitam elaborar um plano de governação que responda às necessidades diárias da população.
*C/Agências
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1250 de 12 de Novembro de 2025.
homepage








