MpD e PAICV preparam terreno para as Legislativas de 2026

PorSara Almeida*,15 nov 2025 7:55

Com as eleições legislativas de 2026 à porta, MpD e PAICV começam a organizar-se, cada um com estratégias e prioridades distintas. Durante o passado fim-de-semana, ambas as forças políticas estiveram reunidas em eventos partidários centrados na análise da situação política do país e na definição de rumos para o próximo ciclo eleitoral. Enquanto o partido no poder se concentra em consolidar ganhos e transmitir uma percepção positiva da governação, a oposição aposta na mobilização e na apresentação de soluções “para todos”, com o objectivo declarado de “resgatar” o país.

MpD: maioria absoluta como meta

No poder desde 2016, o MpD realizou no sábado, dia 8, um retiro que reuniu a Comissão Política Nacional, o Grupo Parlamentar e membros do Governo, na Praia. O objectivo central foi discutir estratégias para alcançar aquilo que o partido considera possível: um terceiro mandato consecutivo com maioria absoluta.

“A nossa intenção é consolidar os ganhos, continuar a resolver os problemas e intensificar a comunicação com a sociedade”, afirmou o secretário-geral do MpD, Agostinho Lopes, à Lusa. O dirigente mostrou-se convicto de que o partido estaria em condições de vencer se as eleições fossem realizadas agora, apesar de reconhecer a persistência de alguns problemas ao longo do mandato.

Sustentando a sua convicção, Lopes comparou o actual cenário com o vivido nas últimas autárquicas, em que o MpD venceu em apenas sete dos 22 municípios, garantindo que a situação do partido hoje “não tem nada a ver com 1 de Dezembro de 2024”.

“Cabo Verde nunca esteve tão bem”

Para o secretário-geral do MpD, o momento actual representa o “melhor Cabo Verde de sempre”.

“Nunca os cabo-verdianos viveram tão bem como vivem agora”, disse, citado pela Inforpress, justificando esta afirmação com dados que considera objectivos: “Os ganhos de Cabo Verde estão à vista de todos. São tantos – na área da saúde, do emprego, do crescimento económico do país, na educação, na cultura. São dados produzidos pelas instituições nacionais e internacionais que indicam que Cabo Verde nunca esteve tão bem como está agora.”

O dirigente referiu ainda estudos realizados pelo MpD que indicam que 74% da população cabo-verdiana acredita que 2026 será um ano de melhoria das condições de vida.

“Questões quentes”

Apesar do tom optimista, o MpD reconhece “questões quentes” no mandato, como os transportes, a energia e a água, que “não foram muito bem conseguidas”. No entanto, Lopes considera que há também um desfasamento entre a “percepção” da população e o trabalho já feito pelo Governo para resolver os problemas.

“Vamos ter de ter paciência para esperar que os trabalhos produzam resultados”, disse.

Um exemplo é o caso dos transportes domésticos, onde “as dificuldades são menores do que há uns meses” e há “perspectivas” de uma melhor avaliação da sociedade já nas próximas semanas.

Apesar dos desafios, a reunião da cúpula do MpD avaliou que o programa de Governo está a ser cumprido com um “alto grau de satisfação”.

A reunião serviu também para reforçar a organização interna e definir a direcção da campanha, tendo a Comissão Política ficado encarregada de apresentar uma proposta concreta até 15 de Dezembro.

O partido indica que as campanhas deverão começar em Fevereiro de 2026, com “aquecimento” em Janeiro, aproveitando as festividades do 13 de Janeiro.

A abertura oficial do ano político e parlamentar será realizada em Assomada, no dia 15 de Novembro.

PAICV promete “resgate” nas eleições de 2026

O fim-de-semana do PAICV foi preenchido. Na sexta-feira, dia 7, ocorreu a abertura do ano político e parlamentar, num evento realizado no Auditório Nacional.

O presidente do partido, Francisco Carvalho, usou a ocasião para lançar um desafio directo, afirmando que o PAICV é “chamado a intervir neste grande momento para resgatar Cabo Verde”.

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“O partido que libertou o país está agora pronto para o libertar novamente das amarras da estagnação”, disse à plateia, numa crítica directa à governação do MpD.

Cinco eixos de acção

Francisco Carvalho apresentou os contornos gerais do programa do partido, estruturado em cinco eixos de acção que considera responderem “às necessidades, expectativas e sonhos dos cabo-verdianos”.

Entre as principais propostas destacam-se a resolução das falhas nos transportes interilhas, a garantia de acesso gratuito à universidade pública e bolsas para o ensino privado “para que nenhum jovem fique para trás”, o fortalecimento do poder local, a criação de um “pacote para a diáspora e alfândegas”, valorizando os emigrantes, e a garantia de electricidade para todos.

Carvalho considerou ainda necessário assegurar “concursos claros” para que todos os cabo-verdianos possam “ter acesso a cargos de topo da administração pública” e destacou ainda a necessidade de estancar a saída de jovens talentos do país.

As bases do programa nascem “da escuta do povo”, acrescentou, referindo que “o foco é uma gestão centrada nas pessoas”.

O líder do PAICV deixou claro que pretende mobilizar não apenas os militantes, mas também a diáspora e os cabo-verdianos em geral, procurando “extravasar os limites do partido”.

Conselho Nacional define estratégias

Nos dias 8 e 9 de Novembro, decorreu a reunião do Conselho Nacional do PAICV, que teve como objectivo analisar a situação política e económica do país, aprovar o plano de acção e preparar a organização interna para o novo ciclo político.

O objectivo central foi preparar um partido “forte, organizado e actuante” em todas as regiões políticas, com militantes motivados e capaz de comunicar com a população e responder aos seus anseios, disse o secretário-geral do partido à imprensa.

Vladmir Ferreira explicou ainda que o encontro teve como propósito analisar “o estado da governação de Cabo Verde e o caminho que o mesmo está a seguir neste momento”, destacando os “muitos constrangimentos” nas questões dos serviços básicos, como água, electricidade e transportes.

Em vídeo posteriormente publicado no Facebook, Francisco Carvalho, por seu turno, destacou que a reunião serviu não para apontar culpados pelos problemas existentes, mas para ouvir propostas concretas que permitam elaborar um plano de governação que responda às necessidades diárias da população.

*C/Agências

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1250 de 12 de Novembro de 2025.

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Autoria:Sara Almeida*,15 nov 2025 7:55

Editado porSara Almeida  em  30 nov 2025 22:19

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