O PAICV diz estar preocupado com o actual estado do sector do ensino superior.
Na Assembleia Nacional, no debate realizado a pedido do maior partido da oposição, Carlos Delgado acusou o governo de estar a criar um ensino superior “anémico, desmotivado e sem norte” e de estar simultaneamente a votar ao abandono as instituições de ensino superior que existem no país.
Os sinais são vários, defendeu Carlos Delgado, “não há uma orientação e política para este subsistema, as bolsas de estudo diminuíram drasticamente, não existe um alinhamento estratégico de cursos com os objectivos de desenvolvimento, não se verifica concertação estratégica com as instituições visando uma oferta formativa que responda aos desafios do país, há uma clara degradação institucional ao nível do ensino superior, com o governo a criar conflitos com as instituições e não há sinais de quaisquer investimentos no domínio da ciência e da inovação”, apontou, no seu discurso, o deputado do PAICV.
Em resposta aos deputados da maior bancada da oposição, o secretário de Estado da Educação, Amadeu Cruz, defendeu que contrariamente às críticas da oposição, “o ensino superior em Cabo Verde nos últimos dois anos está no bom caminho” e que o governo continua a dar “uma atenção especial” a este sector da educação.
Sobre as políticas do Governo para este sector, Amadeu Cruz informou que o executivo está a trabalhar no sentido de reconfigurar o modelo de financiamento do ensino superior para alargar a base a todos que tenham necessidade de aceder à verba para a formação este nível.
“O Governo aumentou o número de alunos que beneficiam de bolsas de estudo em 2017/18. Há um aumento significativo do valor orçamentado para atribuição de bolsa de estudos nos últimos dois anos. E há um crescimento do número de beneficiários de bolsa de estudo”, sublinhou Amadeu Cruz.
Informou ainda que o compromisso de atribuição de cinco por cento das bolsas de estudo em Cabo Verde aos estudantes da diáspora tem sido cumprido pelo governo.
“Temos neste momento 30 alunos no Centro de Energias Renováveis e Manutenção Industrial (CERMI), na formação, na Cidade da Praia”, frisou.
Amadeu Cruz disse, por outro lado, que as reformas em curso no sector visam também “a valorização da docência e da investigação universitária e propiciar condições para as carreiras de docentes e de investigadores, de modo a impulsionar o desenvolvimento científico” das instituições de ensino superior.
“Estamos a trabalhar também na agenda nacional de investigação científica, praticamente elaborada e que será brevemente apresentada ao conselho de ministros”, avançou.
O executivo está também “a desenhar o fundo de apoio a pesquisa e a definir as áreas de prioridade” de investigação científica no país.
Na ocasião, o ministro de Estado, da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares, Fernando Elísio Freire, garantiu que “o governo está neste momento alinhar tudo aquilo que é estratégia de desenvolvimento do ensino superior” com os objectivos do país.
“O ensino superior não foi abandonado. O ensino superior está a ter neste momento a maior reforma dos últimos 15 anos. A reforma que passa por adequar o modelo de financiamento à nossa realidade, enquanto país e de acordo com a expectativa dos jovens”.
Todas as ilhas de Cabo Verde serão adequadas em termos de formação para poderem entrar no mapa do desenvolvimento, prometeu Fernando Elísio Freire.
Por sua vez, a ministra da Educação, Martiza Rosabal falou de várias questões, nomeadamente as propostas do governo sobre a melhoria do enquadramento da Escola de Ciências Agrárias e Ambientais de São Jorge, visando a sua transformação numa Faculdade de Ciências Agrárias, com campos experimentais em São Jorge, Santa Cruz e Santa Catarina, na ilha de Santiago.
O Governo está a trabalhar também na finalização do projecto para a criação do Campus do Mar, na ilha de São Vicente, com “forte participação” de docentes e investigadores da Uni-CV e das instituições ligadas à investigação oceanográfica, disse a ministra.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 856 de 25 de Abril de 2018.