Numa declaração feita hoje no Parlamento, no período antes da ordem do dia, o deputado do maior partido da oposição, José Maria Gomes da Veiga, foi mesmo mais longe ao acusar o executivo de se ter vendido aos interesses privados.
“Não é apenas a ilha do Maio que está à beira de uma catástrofe. O país todo está à beira de uma catástrofe e a ser conduzido numa direcção errada. Mas parece que não tem nada a ver com esse Governo do MpD e que os cabo-verdianos já se resignaram e mais ninguém se importa. Poucos ousam levantar a sua voz contra esse Governo prepotente e arrogante que se vendeu completamente aos interesses cooperativos privados nacionais e estrangeiros. Estou indignado, porque é assim que se constroem ditaduras e o nosso silêncio é conivente”, diz.
Na base das acusações feitas pelo PAICV está aquilo que considera ser o desmantelamento do sector dos transportes, destruição da economia familiar e abandono das famílias.
“Perante todo essa situação dramática de sofrimento de famílias cabo-verdianas, de destruição de economia familiar, com mortes de animais e destruição de propriedades agrícolas, da situação de fome no campo, o Governo recebe 1,2 milhões de contos para ajudar famílias no salvamento dos animais e em dificuldades por causa do mau ano agrícola, guarda o dinheiro no cofre”, acusa.
“Só num país de brandos costumes como Cabo Verde é desmantelaao uma companhia de aviação com décadas de história num negócio obscuro e sem transparência. O Governo negligencia a prestação de socorro e ligações inter-ilhas isoladas e diáspora, doentes e feridos são evacuados em botes de pesca, com perda de vidas humanas, e as autoridades não investigam esse processo”, aponta.
O deputado do PAICV critica ainda a questão habitacional, a segurança e acusa o Governo de estar a destruir a nova geração e a hipotecar o futuro.
Em resposta, o ministro de Estado prefere fazer um balanço da governação. Fernando Elísio Freire diz que o seu Governo está a construir um país melhor, com mais confiança, uma nova forma de abordagem do exercício do poder político, com melhor e mais economia, cultura e inclusão social.
“São os factos e números que mostram isso. Mas também juntos estamos a construir um país melhor, mais resiliente, mas ousado, um país que está a viver ou que viveu no ano passado a maior seca dos últimos 40 anos, talvez. E esta maior seca provou o seguinte: os cabo-verdianos são efectivamente resilientes. Dois anos se passaram e hoje os cabo-verdianos estão mais confiantes. Dois anos se passaram de um crescimento de 1 para 4,5%, estamos a crescer neste momento 4 ou 5 vezes mais do que crescíamos há dois anos”, afirma.
Sobre a questão dos transportes, Fernando Elísio Freire explica que o concurso público internacional para seleccionar um parceiro estratégico para uma concessão única vai resolver o problema.
“Dois anos depois está-se a vislumbrar uma solução para os transportes marítimos depois do caos, da intermitência, da irregularidade e da insegurança, está-se a ver uma luz no fundo do túnel”, acrescenta.
Fernando Elísio freire defende que o Governo está no caminho certo e fala numa nova forma de exercício do poder, através do diálogo, sem arrogância, tendo as pessoas no centro das decisões.