António Monteiro, que voltou ao Sal depois de quatro meses, disse que desde a última vez que cá esteve, no mês de Maio do corrente ano, “nada mudou”, já que nas várias localidades por onde passou, principalmente nos bairros mais pobres da ilha, nomeadamente Alto Santa Cruz e Alto São João, as “coisas mantêm-se”.
“Levamos alguma esperança, na altura, porque iniciou-se uma obra de requalificação, mas para o nosso espanto e desagrado as coisas continuam quase na mesma. E isto deixa-nos preocupados porque fica-nos a impressão de que os poderes instalados, quer o poder central quer o poder local, estão a jogar com as dificuldades das pessoas, lançando alguma esperança, que nunca mais acaba por se concretizar”, observou.
Para o líder da UCID a situação destes dois bairros é “extremamente crítica”, considerando a dimensão económica da ilha do Sal.
“Já era altura de se ter feito alguma coisa. No entanto não se fez. Vamos continuar a insistir, vamos pressionar o Governo, também o poder local para que criem as condições e rapidamente se encontre uma solução para essas pessoas”, sublinhou.
Porém, a preocupação desta visita, segundo António Monteiro, não foi apenas na questão social, mas também no que diz respeito ao turismo, isso por causa da polémica que se instalou à volta de um dos operadores turísticos na ilha, que queria construir uma piscina e não lhe foi permitido.
“Fomos lá e aquilo que conseguimos ver é que do ponto de vista da praia não afecta. Pensamos que, tendo em conta o investimento nacional que foi feito, dever-se-ia analisar com alguma prudência para que, realmente, o turismo ganhasse mais uma unidade nacional e se pudesse melhorar o serviço que se presta”, exteriorizou.
Esta deslocação ao Sal permitiu também a António Monteiro e sua comitiva, visitar Pedra de Lume, Santa Maria, inteirar-se da situação dos jovens na Palmeira, de entre eles, um grupo que é reforço da estiva, na localidade piscatória, que se manifesta, conforme disse, desagradado com a empresa de administração dos portos, pretendendo cogitar um outro tipo de luta.
“Neste particular, gostaríamos de lançar um apelo ao Governo, ao senhor ministro da tutela e à própria administração da empresa para conversarem com estas pessoas, encontrar as soluções necessárias porque não estão a exigir muito. A única coisa que estão a exigir é o pagamento do INPS para poderem ter a protecção social que lhes é devida”, manifestou.
O líder da UCID conclui, acautelando, que na ilha turística as coisas “estão a demorar” a acontecer, o que poderá, disse, prejudicar o país de uma “forma acentuada”, já que os concorrentes directos estão a preparar-se melhor.