Com o número de casos de COVID-19 a mostrar, na Praia, uma tendência de crescimento o Presidente da República apontou o dedo àqueles “desobedientes às ordens e instruções fundamentais para o combate, com sucesso, à epidemia”. Pessoas que, diz Jorge Carlos Fonseca, assumem um papel de “corajosos”, de “gente destemida e «livre», quase heróis”.
Para o Presidente da República estes não passam, no entanto, de “heróis completamente equivocados”.
“Se o problema fosse apenas de exposição individual à doença e ao perigo de vida, até se poderia aceitar um estranho modo de enfrentar riscos, de exercício da autonomia individual. Porém, o «herói», afinal, pode ser um perigoso inimigo de outrem e, a partir deste, de outros tantos, e aí por diante. De uma comunidade inteira”, reforça.
Desta forma, defende Jorge Carlos Fonseca, tona-se necessário “que se dê combate firme e adequado aos heróis do equívoco”, muitos deles, continua o Chefe do Estado, “«heróis» bem esclarecidos e instruídos”.
Estas críticas do Presidente da República surgem na sequência das denúncias feitas na segunda-feira à tarde pelo Director Nacional de Saúde, Artur Correia, que na conferência em que fazia o balanço de 45 dias de luta contra o coronavírus em Cabo Verde afirmou que “ninguém tem o direito de pôr em causa os ganhos de todos os cabo-verdianos”.
"Já verificamos que na Praia, em São Vicente e em algumas outras ilhas há um certo desleixo no cumprimento quer do confinamento, quer no evitar de aglomeração de pessoas. Isto é reprovável. Vamos ter mais casos, eventualmente vamos ter mais mortes. Se as pessoas continuarem com esse comportamento, a situação poderá piorar e poderá sair do nosso controlo", apontou Artur Correia.
O Director Nacional de Saúde garantiu que, até este momento, tem sido possível fazer "abrandar o número de casos, mas o Ministério da Saúde, sozinho, não consegue. Tem que haver uma grande colaboração da população, das forças policiais, da Protecção Civil, como têm feito até agora, mas a partir de hoje, de forma redobrada, temos de aumentar essa vigilância".
Cabo Verde tem, neste momento, 175 casos confirmados de COVID-19, regista 37 recuperados e dois óbitos. São Vicente conta com três casos, Boa Vista regista 56 e Santiago 116. Destes 116 casos 113 estão na Praia com os bairros de Vila Nova/Moinho e Achada Santo António a serem os bairros mais afectados.