PAICV quer mais votos, mais deputados e governar o país

PorJorge Montezinho,10 abr 2021 11:03

Cinco anos de aprendizagem na oposição, listas de candidatos que respondem às expectativas da sociedade, regionalização só depois de uma reforma do Estado, sem abertura para um compromisso de Estado com outros partidos e, assume, uma nova Janira que leva novamente a votos a sua visão para o país. Este é o resumo da apresentação da plataforma eleitoral do PAICV para as legislativas de 18 de Abril

“Na política, a coerência é importante”, afirmou a presidente do PAICV para explicar que tem batido na tecla da reforma do Estado desde a discussão da lei da regionalização. “O PAICV defendeu o que defende agora. Apesar de sermos a favor da regionalização administrativa, esta não pode avançar sem a reforma do Estado, até por uma questão de bom senso, não posso transferir os serviços de educação ou desporto para a região, mantendo a actual estrutura central porque ou vai ou fica, não pode ir e ficar ao mesmo tempo”.

Janira Hopffer Almada disse ainda que é preciso rever o peso da máquina do Estado tendo em consideração os desafios que Cabo Verde terá de enfrentar. “Temos de fazer opções, porque governar é fazer opções, escolher prioridades. O que a pandemia nos mostrou é que podemos fazer muito mais com recurso às TIC. Temos de tornar esse momento também numa oportunidade para melhorarmos enquanto país. Defendi a redução do número de deputados, porque acho que é possível, como defendi a redução dos cargos governamentais. Quantas estruturas do estado foram criadas no último ano? Cada uma representa um custo e quem suporta esses custos? Entretanto, não temos recursos para coisas básicas. Porque não dizemos isso com frontalidade? Para termos mais recursos, temos de os ir buscar a algum lado. Onde? Às despesas supérfluas”.

Durante a apresentação da plataforma eleitoral, que tem como slogan “Um Cabo Verde para todos”, Janira Hopffer Almada pôs de parte a possibilidade de haver uma espécie de compromisso de Estado entre os partidos, que permitisse traçar um rumo para o país, “o meu momento é este e estou a fazer a minha proposta”, disse, e também assegurou que, apesar de defender uma construção do partido a partir da base – com reformas e ruturas em vários domínios – isso não significa deitar fora a herança do PAICV que liderou Cabo Verde entre 2001 e 2016.

“A governação do PAICV teve ganhos em vários domínios, transportes, infra-estruturas, saúde, educação, habitação, mas penso que temos de analisar os programas à luz do momento”, explicou a presidente do partido. “A governação do PAICV conseguiu muito, mas é evidente que nenhum governo faz tudo e nenhum governo faz tudo bem. O saldo da governação do PAICV é bom, mas também penso que desenvolver a minha visão enquanto líder para Cabo Verde não é renegar herança nenhuma, é, neste momento, apresentar a minha visão para o país. Pretendo melhorar tudo o que foi feito de bom na governação anterior, mas também pretendo corrigir o que não foi feito bem, e digo isso de forma muito frontal. O que foi bom, vamos trabalhar para melhorar, o que não foi bom, vamos trabalhar para corrigir”.

Ao abordar as polémicas à volta das listas de candidatos a deputados, principalmente no norte, Janira Hopffer Almada garantiu que as listas representam a ampla auscultação feita pelo PAICV. “Quisemos construir listas nas quais a sociedade se revisse, listas com quadros, com gente do povo, com pessoas do partido, mas também da sociedade civil. O que é importante, do meu ponto de vista, é o projecto. O que nos levou a fazer essas escolhas? Ouvimos o povo. Não há vitorias antecipadas nem derrotas pré-anunciadas. E eu acho que na política, sobretudo, devemos ter causas. Para mim, alguns ditos problemas, não são problemas”.

A presidente do PAICV admitiu também, durante a conversa com os jornalistas, que hoje é uma líder diferente da que era há cinco anos. “Não posso mudar os outros, mas posso melhorar a Janira”, disse. “Estes cinco anos foram muito importantes. Estar na oposição e estar na situação é diferente. Senti que as pessoas acompanharam muito o que aconteceu no Parlamento, as lutas de uns e outros, o trabalho de terreno, as dificuldades e as adversidades que uns e outros tiveram de enfrentar. Acho que hoje as pessoas olham para mim de outra forma, porque eu acho que muita gente também não me conhecia e o sentimento que tenho é que as pessoas passaram a ver uma outra Janira. E não são só as mulheres. Dentro do partido, fora do partido, porque foi uma oportunidade também para eu melhorar como ser humano. Assumi, na noite eleitoral, o resultado das eleições porque temos de estar com ética na política e não aceitar os resultados apenas quando ganhamos. E tentei ver o que posso melhorar, quais foram as minhas falhas. O exercício mais fácil é sempre culpar o outro, o mais difícil e mais certeiro é ver onde nós erramos, porque onde nós erramos podemos corrigir mais facilmente. E também procurei conhecer ainda melhor, muito mais a fundo, o Cabo Verde real. Quando se vai como ministro, as pessoas muitas vezes deixam-nos ver aquilo que é bonito, com alguma maquilhagem, alguma pintura, quando vamos como oposição, ninguém se preocupa e vemos o que é verdade”.

Já sobre os objectivos para a eleição de 18 de Abril, Janira Hopffer Almada sublinhou que a meta do PAICV é “aumentar o número de votos, o número de mandatos e governar Cabo Verde”.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1010 de 7 de Abril de 2021. 

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:Jorge Montezinho,10 abr 2021 11:03

Editado porJorge Montezinho  em  13 jan 2022 23:20

pub.

pub.

pub
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.