Independência e confiança são marcas de um Presidente que não defraudou

PorNuno Andrade Ferreira,20 jun 2021 9:07

Sondagem revela que cabo-verdianos confiam no Presidente da República (PR) e atestam a sua independência. Maioria acha que o chefe de Estado correspondeu às expectativas.

Quase sete em cada dez eleitores consideram que Jorge Carlos Fonseca é um Presidente independente (55%) ou muito independente (12%). Os dados constam de uma sondagem realizada pela Pitagórica sobre a herança do mandato presidencial, a pou­cos meses da eleição do pró­ximo inquilino do Palácio do Plateau.

No extremo oposto, 25% dos inquiridos julgam que Fonseca é pouco independen­te e 8% nada independente.

É entre os eleitores com 55 a 64 anos (63%, incluindo os que acham que o PR é inde­pendente e os que consideram que é muito independente) e no eleitorado do Movimento para a Democracia (64%) que Fonseca recebe uma avaliação mais positiva quanto à inde­pendência com que exerce o seu mandato. O eleitorado do PAICV (36%) e da UCID (39%) é aquele que mais afirma que o Presidente da República ac­tua com pouca ou nenhuma independência.

A tendência positiva man­tém-se na avaliação de con­fiança, com 88% dos cabo­-verdianos a confiarem al­guma coisa no Presidente da República. Em detalhe, 50% confia um pouco, 27% confia muito e 11% confia totalmen­te no chefe de Estado. Apenas 7% dos inquiridos confia mui­to pouco e 5% não confia nada no actual titular do mais alto cargo da Nação.

Apesar do saldo positivo em todos os grupos, é entre os eleitores do MpD e junto da­queles que têm entre 45 e 54 anos que a confiança é maior.

A tríade de indicadores globais de desempenho fecha com a gestão de expectativas. Para a maioria, Jorge Carlos Fonseca não surpreendeu, mas também não defraudou. 65% dos cabo-verdianos con­sideram que o seu exercício presidencial tem correspon­dido ao esperado. Para 14%, as expectativas foram mesmo superadas. 9% da população sente-se defraudada e espe­rava melhor. 12% não sabe ou não quer avaliar. Feitas as contas, o saldo é positivo. São mais aqueles que foram sur­preendidos pela positiva do que aqueles que estão desilu­didos com o trabalho feito ao longo dos últimos anos.

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“Do que conhece ou já ou­viu falar dessa personalida­de, qual a sua avaliação?”, perguntou-se aos inquiridos. Fonseca recebe nota positiva ou muito positiva da maioria dos cabo-verdianos (68%). Para 26% a avaliação é razoá­vel. Apenas 7% têm opinião negativa ou muito negativa. 96% dos que votaram no PR, em 2016, não estão arrependi­dos da sua escolha.

A primeira-dama também é avaliada, recebendo nota positiva ou muito positiva de 74% dos inquiridos.

Fonseca e os antecessores

Na comparação com o seu antecessor, Pedro Pires, Fonseca tem uma melhor ou muito melhor actuação para quase metade dos cabo­-verdianos (48%). Para um quarto da população (25%), o exercício de funções tem sido pior ou muito pior. 27% não encontram diferenças entre os anos de ‘Zona’ e os mandatos do comandante.

Em concreto, para 60% dos eleitores do MpD, o exercí­cio do actual PR é melhor ou muito melhor que o de Pires. Entre os eleitores do PAICV, os números são diferentes: 44% consideram que o desem­penho do actual Presidente é pior ou muito pior que o do anterior e só 21% avaliam o trabalho realizado como me­lhor ou muito melhor.

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Num exercício mais global, Jorge Carlos Fonseca é com­parado com os três ex-Presi­dentes da República e volta a ganhar. Questionados sobre “quem foi até hoje o melhor Presidente da República de Cabo Verde”, 37% assinalam Fonseca, 21% Pedro Pires, 16% Mascarenhas Monteiro e 10% Aristides Pereira. 17% não souberam ou não quise­ram responder. Nos eleito­res do PAICV, o actual chefe de Estado perde para Pedro Pires e nos da UCID, para Mascarenhas Monteiro.

O melhor, o pior e o que falta

O estudo da Pitagórica quis saber a opinião dos cabo-ver­dianos sobre algumas das áreas de actuação do Presidente da República. A área melhor ava­liada é a luta contra o alcoolis­mo, com 66% dos eleitores a avaliarem de forma positiva ou muito positiva os esforços da Presidência nesta matéria.

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Segundo os cabo-verdia­nos, para o que falta do man­dato, as prioridades da agen­da presidencial devem ser o apoio ao combate da pande­mia (1ª prioridade para 34% dos inquiridos) e o apoio aos jovens (1ª prioridade para 20% dos inquiridos).

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Maioria concorda com limitação de mandatos

A limitação a dois mandatos consecutivos, para o desempenho de funções presidenciais, mere­ce a concordância de 59% dos cabo-verdianos. Questionados pela Pitagórica, os inquiridos manifestam-se maioritariamente pela limitação. 35% gostava que fosse possível, ao Presidente da República, candidatar-se a um terceiro mandato. 7% não sabe ou não responde.

A tendência é transversal a todos os segmentos, populacio­nais, agrupados por idade, classe social, ilha ou partido político de preferência. Apenas no caso dos indivíduos com 65 ou mais anos, a percentagem dos que defendem a limitação de mandatos não é superior a 50% (48%). Nesta ca­tegoria etária, 33% são contra e 19% não têm opinião formada ou preferiram não responder.

Se a Constituição permitisse nova candidatura de Jorge Carlos Fonseca, 46% dos cabo-verdia­nos votariam nele “de certeza” e 31% “talvez” o fizesse. 16% não considerariam essa hipótese.

Presidenciais: eventual apoio explícito divide opiniões

Os inquiridos do estudo da Pitagórica foram questionados sobre um eventual apoio de Jorge Carlos Fonseca a um dos candidatos à sua sucessão. As opiniões dividem-se.

Para 36% dos cabo-verdianos, o Presidente deve manter-se fora da disputa presidencial, evitando apelos ao voto. Já para 27% é desejável que ‘Zona’ declare o seu apoio à candidatura de Carlos Veiga. Um possível apoio a José Maria Neves merece a aprovação de 25% dos cabo­-verdianos. 12% não sabem ou não res­pondem.

Curiosamente, são os eleitores da UCID quem mais se manifesta a favor da decla­ração de apoio a Veiga (39%). 37% de quem vota MpD gostaria de ver o apoio de Fonseca à candidatura do primeiro chefe de Governo eleito. 44% dos votantes do PAICV querem um apoio do Presidente a José Maria Neves.

Quase todos conhecem a campanha “Menos Álcool Mais Vida”

Quase 10 em 10 cabo-verdianos já ou­viu falar da campanha da “Menos Álcool Mais Vida”, promovida da Presidência. De acordo com a sondagem da Pitagórica, 97% dos inquiridos estão familiarizados com a iniciativa.

A campanha é consensual, com 99% dos participantes do estudo a concorda­rem com o projecto que visa a redução do consumo do álcool na sociedade cabo­-verdiana.

Para os cabo-verdianos, entre outras vantagens, a campanha ajuda à conscien­cialização dos jovens para o problema do consumo abusivo de álcool (37%) e é uma forma de reduzir o uso de bebidas alcoó­licas (22%).

A ideia de que a campanha deve pros­seguir com o próximo Presidente da República é subscrita por 98% dos inqui­ridos.

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FICHA TÉCNICA

Foram inquiridos indivíduos recenseados em Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal, Boavista, Maio, Santiago Norte, Santiago Sul, Fogo e Brava.

Foi utilizada uma amostragem mista, estratificada por concelho de recenseamento e com quotas forçadas de sexo e idade. O entrevistado foi seleccionado de acordo com as quotas estipuladas. Foram realizadas entrevistas telefónicas, através do sistema CATI – Computer Assisted Telephone Interview, por entrevistadores seleccionados e supervisionados.

A amostra total obtida é de 800 indivíduos. Este valor traduz um grau de confiança de 95,5%, com uma margem de erro de +/- 3,53%. A recolha da informação foi da responsabilidade da Pitagórica. A amostra foi recolhida entre os dias 15 e 22 de Maio de 2021.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1020 de 16 de Junho de 2021.

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Autoria:Nuno Andrade Ferreira,20 jun 2021 9:07

Editado porFretson Rocha  em  1 abr 2022 23:20

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